Ricardo Stuckert/PR

Nova York  O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, neste domingo (22/9), o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e disse que o Sul Global está sub-representado no órgão. No discurso na abertura da Cúpula do Futuro, em Nova York, nos Estados Unidos (EUA), Lula focou na defesa da reforma da governança global. O encontro, que antecede a 79ª Assembleia das Nações Unidas, foi convocado pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.

“A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que ele aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”, disse Lula.

Em seguida, o presidente afirmou que as instituições de Bretton Woods desconsideram as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento. “O Sul Global não está representado de forma condizente com seu atual peso político, econômico e demográfico.”

Lula ainda tocou no tema da sustentabilidade, afirmando que os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro. “Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos e caminham para se tornarem nosso maior fracasso coletivo”, apontou.

Em trecho final do discurso, que acabou cortado pela transmissão oficial por exceder o tempo, Lula defendeu: “Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos”.

Lula em NY

Lula está em Nova York para participar da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas. Ele permanecerá em solo norte-americano até a próxima quarta-feira (25/9), onde tem compromissos e reuniões bilaterais. Um dos encontros será com o francês Emmanuel Macron.

A visita de Lula ocorre em meio às queimadas que assolam grande parte do Brasil, além do período de estiagem histórica do país.

Na Cúpula do Futuro, é esperado que os representantes das nações assinem um pacto com compromissos para o futuro, relacionados a temas como desenvolvimento sustentável, paz e segurança internacionais, ciência, tecnologia, dentre outros.

Aliança contra a Fome

No discurso, Lula ainda citou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que será lançada pela Presidência brasileira no G20. “Naturalizar a fome de 733 milhões de pessoas seria vergonhoso”, disse ele.

O presidente também fez menção à possibilidade de o mundo conviver com ameaças nucleares e disse ser “inaceitável” regredir a um mundo dividido em fronteiras ideológicas ou zonas de influência.

Acompanharam o discurso de Lula na Sede das Nações Unidas, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja; os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente); e o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); além do assessor especial da Presidência, Celso Amorim. Com Metrópoles.

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