Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidente da França, Emmanuel Macron, durante encontro em Paris • 05/06/2025CHRISTOPHE PETIT TESSON/Pool via REUTERS

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron, da França, alertaram que o G20 corre o risco de perder sua relevância como principal fórum de coordenação no combate a crises e conflitos pelo mundo.

Os dois líderes fizeram os alertas nos seus respectivos discursos de abertura na reunião de cúpula do bloco, que começou neste sábado (21), em Joanesburgo, na África do Sul.

O pano de fundo foi o boicote do presidente Donald Trump à cúpula. Além de não participar do evento, Trump vetou a presença de qualquer representante de seu governo — um gesto que, embora não criticado diretamente por nenhum dos dois líderes, pesou sobre todo o encontro e acentuou dúvidas sobre o futuro do G20.

O presidente brasileiro disse que o funcionamento do bloco está “ameaçado” pelo ressurgimento do protecionismo, do unilateralismo e de respostas simplistas para crises complexas.

“O protecionismo e o unilateralismo ressurgem como respostas fáceis e falaciosas para a complexidade da realidade atual. Seus efeitos exacerbam os problemas que enfrentamos. O próprio funcionamento do G20 como instância de diálogo e coordenação está ameaçado”, disse Lula.

Ele advertiu que, se o fórum não for capaz de produzir consenso em temas urgentes — das guerras na Ucrânia e em Gaza às desigualdades sociais persistentes — dificilmente o mundo encontrará outra instância com legitimidade e diversidade suficientes para fazê-lo.

Semelhança nos discursos

Falando pouco depois de Lula, o presidente francês fez um diagnóstico semelhante.

Macron afirmou que o G20 está “em risco” e “talvez chegando ao fim de um ciclo”, apontando para a dificuldade recorrente do grupo em apresentar respostas comuns para crises geopolíticas.

Ele destacou que a ausência americana enfraquece diretamente a credibilidade do fórum e simboliza o avanço da fragmentação internacional, que compromete inclusive a defesa de princípios básicos, como o respeito aos direitos humanos.

O líder francês disse ainda que o bloco precisa urgentemente recuperar um “padrão comum” de atuação; caso contrário, corre o risco de se tornar irrelevante.

Ao reforçarem a necessidade de revitalizar o multilateralismo, Lula e Macron buscaram não apenas alertar, mas também mobilizar outros países para impedir que o G20 perca justamente aquilo que o tornou essencial desde a crise de 2008: a capacidade de reunir divergências à mesa e transformá-las em ação coletiva em momentos de crise.

“Estamos com dificuldades para resolver grandes crises juntos, aqui nesta mesa. O G20 está em risco e não estamos nos mobilizando coletivamente em prol de algumas prioridades”, disse Macron.

Apesar do boicote americano, o G20 conseguiu aprovar uma declaração forte defendendo o combate às mudanças climáticas e condenando as disparidades econômicas e sociais no mundo.

Com informações de CNN Brasil.

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