
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump dividirão, pela primeira vez, nesta terça-feira (23), a tribuna da Assembleia Geral da ONU, onde farão discursos defendendo agendas políticas completamente divergentes.
Como manda a tradição, o líder brasileiro fará o discurso de abertura da sessão de chefes de Estado do evento. O americano falará logo na sequência, sendo o segundo na lista de discursos.
Não existe expectativa de uma reunião formal entre os dois, mas há sempre a possibilidade de algum encontro informal nas antecâmaras do plenário da ONU.
No único evento anterior em que compareceram juntos, o funeral do Papa Francisco, no Vaticano, em abril, ambos tiveram protocolos separados, sem interação direta.
Mesmo que não se encontrem pessoalmente, os dois presidentes serão protagonistas de um duro embate de ideias que poderá influenciar diretamente o futuro do sistema de governança global e da própria ONU – que neste ano completa 80 anos.
Lula fará um dos discursos mais relevantes em defesa do multilateralismo, da cooperação internacional e de uma agenda progressista voltada a direitos sociais e sustentabilidade.
Trump, por sua vez, deve utilizar o púlpito para justificar atos unilaterais da sua administração e criticar decisões da ONU que considere contrárias aos interesses dos Estados Unidos.
Segundo fontes ouvidas pela CNN, o presidente brasileiro destacará a defesa da soberania nacional e do princípio da não intervenção, além da importância do livre comércio baseado em normas e regras internacionais, numa referência indireta à política de aumento de tarifas unilaterais impostas pelos Estados Unidos contra o Brasil e outros países.
Ele também deve reafirmar o apoio à reforma do Conselho de Segurança da ONU e à ampliação da participação de países em desenvolvimento em fóruns globais.
Lula deve fazer um apelo para que todos os países se engajem mais na luta contra as mudanças climáticas e convocará chefes de Estado para participar da COP30, que acontecerá em Belém, no Pará, em novembro deste ano, reforçando o papel do Brasil na liderança ambiental internacional.
Em contraste, Trump utilizará a tribuna para reafirmar sua política externa isolacionista, centrada no princípio do “America First”, justificando ações como a retirada de acordos multilaterais, cortes nas contribuições financeiras à ONU e imposição de políticas comerciais protecionistas.
Ele também pode reforçar a oposição do seu governo a medidas globais de tributação e regulação ambiental propostas em fóruns multilaterais.
Ambos provavelmente farão apelos à paz em conflitos internacionais, como na Ucrânia e na Faixa de Gaza, mas a partir de posições diametralmente opostas.
É esperado que Lula critique a atuação de Israel na guerra contra a Faixa de Gaza, utilizando termos como “genocídio” – linguagem repudiada pelo governo de Benjamin Netanyahu e por Trump.
O americano, por sua vez, deve reiterar esforços para neutralizar o Hamas e garantir a libertação de reféns israelenses – uma demanda também de Lula.
A crise bilateral, marcada por tarifas e sanções americanas contra o Brasil aplicadas por motivos políticos, será o pano de fundo do discurso de Lula.
No entanto, ainda não está claro se ele fará críticas diretas à Casa Branca, considerando a nova rodada de sanções contra autoridades brasileiras e a crescente tensão comercial entre os dois países.
Com informações de CNN Brasil.










