O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou nesta terça-feira (9), em Manaus, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI-Amazônia), considerado um marco no enfrentamento ao crime organizado transnacional na região. O espaço foi criado para integrar forças de segurança brasileiras e de países vizinhos, fortalecendo investigações conjuntas, troca de informações e operações coordenadas contra crimes que exploram a floresta e suas fronteiras estratégicas.

Crítica a intervenções externas

Durante a cerimônia, que contou também com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e a vice-presidente do Equador, María José Pinto, Lula ressaltou a importância da cooperação regional e criticou movimentações militares recentes dos Estados Unidos na fronteira da Venezuela.

“Não precisamos de intervenções estrangeiras, nem de ameaças à nossa soberania. Este centro é a materialização da ação integrada e da cooperação”, afirmou o presidente.

Estrutura e objetivos do CCPI

O CCPI vai reunir representantes de nove estados da Amazônia Legal e de nove países sul-americanos, criando uma rede de inteligência contra tráfico de drogas, contrabando, crimes ambientais, garimpo ilegal e lavagem de dinheiro. A iniciativa faz parte do Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), lançado em 2023, e é financiada com recursos do Fundo Amazônia, em parceria com o BNDES e o Ministério do Meio Ambiente.

Cooperação policial

Responsável pela coordenação técnica, a Polícia Federal terá papel central na articulação entre as forças parceiras. Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, a unidade permitirá trocas de informações em tempo real e planejamento conjunto de operações.

“O Brasil está cada vez mais conectado à comunidade internacional de segurança. O CCPI reforça nosso protagonismo e mostra que, onde o Estado se faz presente, o crime recua”, afirmou.

Meio ambiente e segurança aliados

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou que a iniciativa também fortalece o compromisso do governo em zerar o desmatamento até 2030. Já o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ressaltou que o centro representa uma política de segurança baseada em integração, inteligência e soberania.
“Defender a floresta é também defender a vida, a dignidade e o futuro”, disse Lewandowski.

Resultados recentes

Lula lembrou que, apenas em 2024, o Plano Amas realizou quase 200 operações, com apreensão de bens avaliados em mais de US$ 250 milhões e destruição de maquinário usado em garimpos ilegais. “O crime organizado que se prepare: a justiça vai derrotá-los. Este centro é um marco da presença do Estado brasileiro na Amazônia”, declarou o presidente.

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