Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Uma pesquisa abrangente realizada com 22,7 mil agentes penitenciários brasileiros entre 2022 e 2024 revelou que pelo menos 10,7% desses profissionais receberam diagnósticos de depressão. Os dados, divulgados nesta semana pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), acendem um alerta sobre a saúde mental da categoria.

Além da depressão, o levantamento “Cenários da Saúde Física e Mental dos Servidores do Sistema Penitenciário Brasileiro” indicou que 20,6% dos entrevistados afirmaram ter transtorno de ansiedade, e 4,2% relataram transtorno de pânico. Os organizadores da pesquisa atribuem esses resultados ao ritmo intenso de trabalho e às exigências emocionais e físicas inerentes à função dos mais de 100 mil servidores penitenciários do país.

Veja aqui a íntegra da pesquisa.

Satisfação com o Trabalho Versus Falta de Reconhecimento

Apesar dos desafios, a pesquisa aponta uma dualidade interessante: 15,9% dos servidores se declaram “muito satisfeitos” com o trabalho, e 59,3% afirmam estar “satisfeitos” com as atividades desenvolvidas. Contudo, essa satisfação profissional contrasta com a percepção de falta de reconhecimento social. A maioria (50,7%) entende que a sociedade poucas vezes reconhece o valor de seu trabalho, enquanto 33% “nunca” se sentem reconhecidos.
Preocupações com a Saúde Física

No quesito saúde física, os agentes penitenciários também enfrentam problemas significativos. A pesquisa identificou que 12,5% dos servidores sofrem de obesidade, 18,1% têm hipertensão e 12,3% apresentam doenças ortopédicas.

Diante desse cenário, o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, enfatizou a urgência de políticas estruturadas de cuidado para a categoria, que, segundo ele, sustenta uma estrutura essencial para a segurança pública, mas teve suas necessidades muitas vezes ignoradas.

“A partir deste diagnóstico, consolidamos um compromisso: aprimorar as ações já iniciadas, ampliar o cuidado e garantir que cada servidor tenha as condições necessárias para exercer sua função com dignidade e qualidade”, afirmou Garcia em nota. O diretor de Políticas Penitenciárias, Sandro Abel Sousa Barradas, corroborou, destacando a necessidade de implementar políticas de cuidado que impactem diretamente o bem-estar, a valorização e o desempenho dos servidores.

Com informações de Metrópoles

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