Metrópoles | Investigadores da Delegacia da Criança e do Adolescente (DPCA) ouviram mais quatro mães que supostamente tiveram os filhos abusados sexualmente durante consultas médicas feitas pelo neuropediatra alvo de inquérito aberto na unidade policial. Elas se juntam a outras três mães, totalizando, até o momento, sete denúncias de pedofilia contra o profissional. Em todos os casos, os pacientes eram crianças e adolescentes do sexo masculino.

A investigação foi revelada em primeira mão pelo Metrópoles após a Polícia Civil cumprir, na última quarta-feira (17/04/2019), mandado de busca e apreensão no consultório do médico, especialista em neurologia infantil. Entre os novos casos, duas das supostas vítimas já prestaram depoimento formalmente.

A reportagem apurou que, em ambos os termos de declaração, as histórias se repetem. O médico teria orientado os pacientes a ficarem só de cuecas e, depois, as retirado, deixando os garotos nus. Os meninos tiveram o pênis tocado pelo médico, o que intrigou as mães.

A semelhança entre os depoimentos coletados pelos investigadores chamou atenção pela riqueza de detalhes. Todas as mães questionaram e levantaram suspeitas sobre os exames feitos com toques no órgão genital dos meninos, medida considerada desnecessária por médicos especializados em neurologia ouvidos pela reportagem.

Em dezembro do ano passado, o pai de uma das supostas vítimas se revoltou com os relatos do filho e decidiu denunciar o médico ao Conselho Regional de Medicina (CRM-DF). O processo, de número 166/2018, foi instaurado para apurar a conduta do neuropediatra.

À reportagem, o CRM-DF afirmou, por meio de sua assessoria, que a sindicância está sendo apurada em sigilo. Uma fonte policial confirmou que a entidade foi oficiada pela DPCA para saber a respeito do procedimento.

Perícia
A operação de busca e apreensão na semana passada ocorreu no consultório do profissional, em uma clínica no fim da Asa Norte, e na casa dele, no Sudoeste. Policiais da DPCA buscavam provas que confirmassem as denúncias feitas por pais e relatadas pelas próprias vítimas em depoimentos.

Equipamentos, como computadores, HDs, mídias, telefones celulares e outros dispositivos eletrônicos, foram apreendidos e encaminhados para perícia no Instituto de Criminalística da Polícia Civil. A avaliação no material apreendido é feita com prioridade pelo IC, mas ainda não foi concluída.

O Metrópoles averiguou que o médico alvo da operação é considerado um profissional de renome em neuropediatria. No Distrito Federal, só atende em consultas particulares – não aceita convênio – e a fila de espera chega a meses. Ele também é professor de medicina na Universidade de Brasília (UnB).

Em razão de as investigações serem preliminares e a perícia nos equipamentos apreendidos não ter sido finalizada, o nome do neurologista pediátrico será mantido em sigilo. Caso a PCDF confirme as suspeitas, a identidade dele será divulgada pela reportagem.

Vítimas traumatizadas
A reportagem localizou e entrevistou duas mães e um dos adolescentes envolvidos, que, mesmo sem se conhecerem, relataram histórias semelhantes sobre os supostos abusos sexuais cometidos pelo médico. Uma advogada contou com detalhes como seu filho (ambos na foto em destaque), então com 11 anos, hoje com 17, se tornou vítima do profissional.

Segundo a mulher, de 49 anos, em 2013 o filho começou a apresentar sinais de déficit de atenção. Ela foi orientada pela escola em que o menino estudava a marcar uma consulta com o especialista em neurologia infantil no Distrito Federal. A mãe, que acompanhou todas as consultas do filho durante o período de um ano, começou a desconfiar da atitude do médico logo nas primeiras visitas.

A advogada relatou que a disposição dos móveis, paredes e biombos evitava que a criança fosse vista no momento em que era examinada na maca do consultório.

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