Dezoito especialistas da saúde do Brasil e de fora desembarcam em Manaus, em agosto, com objetivo de discutir estratégias para avançar numa área que ainda é um desafio no país: a qualidade da assistência ofertada à população. O debate ocorre durante a segunda edição do Simpósio Norte de Qualidade e Segurança do Paciente, nos dias 23 e 24, no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques.
Erros no sistema de saúde matam cerca de seis brasileiros por hora, segundo dados do 2º Anuário de Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) e pelo Instituto de Pesquisa Feluma, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. A publicação mostra que, em 2017, os hospitais públicos e privados do país registraram 54,76 mil mortes em decorrência dos chamados “eventos adversos graves”, ou seja, falhas assistenciais ou processuais, que vão desde a administração errada de um medicamento até complicações em um procedimento cirúrgico. Desses óbitos, 36,17 mil poderiam ter sido evitados.
“A proposta do Simpósio Norte de Qualidade e Segurança do Paciente é discutir os problemas assistenciais e gerenciais hoje vividos pelas estruturas de saúde e, a partir daí, sugerir medidas de aperfeiçoamento do sistema. A expectativa é receber mais de 400 participantes, entre estudantes, profissionais da saúde e gestores de hospitais de diversas partes do Brasil”, afirma a presidente do evento e médica intensivista, Liane Cavalcante.
Ainda segundo Liane, as discussões promovidas no encontro podem gerar avanços significativos, principalmente, no entendimento de que os “erros médicos” não são resultados apenas de ações isoladas dos profissionais da saúde. “As falhas na assistência, popularmente conhecidas como ‘erros médicos’, são normalmente sistêmicas e não envolvem apenas o médico ou outro profissional da saúde. Por isso, a ideia é incentivar um árduo trabalho de prevenção, com mudanças organizacionais, mais investimentos em qualidade assistencial e na atualização constante da equipe de saúde. O reconhecimento das falhas e a busca de soluções em conjunto são a chave para a melhoria”, frisa.
Questões como aspectos éticos e legais frente aos eventos adversos, como aprender com os erros, o papel do paciente e familiares na segurança do paciente e ações para melhorar a gestão de riscos em saúde serão abordados por nomes consagrados da área em nível nacional e internacional. Entre os convidados, está o brasileiro radicado em Londres, Carlos Hiran Goés de Souza, que é especialista da ISQua, sigla em inglês para Sociedade Internacional para a Qualidade do Cuidado em Saúde. “Ele enriquecerá os debates do simpósio com sua ampla experiência profissional e compreensão dos sistemas de saúde em diferentes contextos culturais, acumulada em anos de trabalho internacional”, destaca a presidente do evento.
Além da programação científica para discutir a qualidade na assistência e segurança do paciente, o simpósio abrirá espaço para os participantes apresentarem estudos na área. A submissão de trabalhos, assim como as inscrições para o evento, devem ser feitas através do site: www.qualipacienteam.com.br










