Reprodução/ X @Cruzeiro

A Mancha Verde afirmou não ter envolvimento com a emboscada contra membros da torcida organizada Máfia Azul, que matou uma pessoa e deixou outras dezessete feridas durante a madrugada deste domingo (27), na rodovia Fernão Dias, em São Paulo. Conforme o comunicado publicado pela organizada palmeirense nesta segunda-feira (28), o crime foi um ato isolado, feito por um grupo de cerca de 50 integrantes. O caso é investigado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

“Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos”, disse.

Ainda no comunicado, a organizada do Palmeiras se colocou à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. “A Mancha Alvi Verde repudia toda e qualquer forma de violência e reafirma seu comprometimento e compromisso com a segurança e a convivência pacífica entre torcedores. Estamos à disposição das autoridades para colaborar plenamente com as investigações, auxiliando na identificação e punição dos responsáveis por mais esse fatídico e lamentável episódio ocorrido na madrugada desse domingo”, finalizou.

 

Leia o comunicado

“A Mancha Alvi Verde vem sendo apontada injustamente, através de alguns meios de imprensa e redes sociais, de envolvimento em uma emboscada ocorrida na Rodovia Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã, na madrugada deste domingo (27). O incidente resultou tragicamente na morte de um torcedor do Cruzeiro e deixou outros feridos. Lamentamos profundamente mais esse triste acontecimento e manifestamos nossa solidariedade e demonstramos nosso consternamento aos familiares da vítima, repudiando com veemência tais atos de violência.

Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos. 

A Mancha Alvi Verde repudia toda e qualquer forma de violência e reafirma seu comprometimento e compromisso com a segurança e a convivência pacífica entre torcedores. Estamos à disposição das autoridades para colaborar plenamente com as investigações, auxiliando na identificação e punição dos responsáveis por mais esse fatídico e lamentável episódio ocorrido na madrugada desse domingo”.

O caso

Uma emboscada de integrantes da torcida organizada do Palmeiras Mancha Alviverde – antiga Mancha Verde – contra um ônibus da Máfia Azul, do Cruzeiro, deixou uma pessoa morta e outras 17 feridas na madrugada deste domingo (27 de outubro). 

O atentado aconteceu por volta das 5h na altura do km 65 da BR-381, rodovia que é conhecida como Fernão Dias. Os cruzeirenses seguiam em direção a Belo Horizonte na volta do Paraná, após a derrota do Cruzeiro por 3 a 0, para o Athletico, quando os coletivos foram interceptados. 

Ataque documentado

A confusão, que envolveu mais de 100 torcedores dos dois times, foi toda documentada por câmeras de celulares, parte deles de integrantes da torcida palmeirense. Nos vídeos que circulam nas redes sociais, é possível ver torcedores com camisas verdes nos rostos e barras de ferro nas mãos espancando os mineiros, muitos deles já desacordados ou implorando pelo fim das agressões.

Nos vídeos, também é possível ouvir os autores da emboscada falando “Aqui é a Mancha, p#$%” e “Aqui é a tropa do Moacir”, fazendo referência ao presidente da torcida organizada. Imagens também mostram uma verdadeira “chuva” de foguetes, com dezenas de fogos de artifício sendo lançados contra o ônibus da torcida do Cruzeiro, que acabou incendiado. 

Revanche

Nas redes sociais, torcedores dos dois clubes indicam que a emboscada foi uma “revanche”, após uma ação semelhante armada pela Máfia Azul também na BR-381, em setembro de 2022, na altura de Carmópolis de Minas, na região Centro-Oeste. Na ocasião, o presidente da torcida rival do Palmeiras foi um dos mais agredidos pelos cruzeirenses. 

Pregos na estrada 

Indícios colhidos no local do atentado apontam que ele pode ter sido planejado com antecedência pelos membros da Mancha Alviverde. Na rodovia, os policiais encontraram os chamados “miguelitos”, dispositivos feitos com pregos entrelaçados que são usados para furar pneus de veículos. 

Além dos dispositivos feitos de pregos, normalmente utilizados por criminosos da modalidade conhecida como “Novo Cangaço”, com o objetivo de atrasar a ação da polícia, no local da confusão também foram apreendidas bombas caseiras utilizadas pelos palmeirenses no confronto. 

Morto era de Sete Lagoas 

torcedor do Cruzeiro que teria sido carbonizado no ônibus foi identificado como José Victor Miranda, de 30 anos, que é da cidade de Sete Lagoas, na região Central de Minas Gerais. A morte foi confirmada a O TEMPO por familiares do homem, que preferiram não dar entrevista por estarem muito abalados.  

Nas redes sociais uma prima se despediu do familiar. “Descanse em paz meu primo…Cara, vou sentir saudade demais desse menino”, lamentou. O torcedor morto, que se identifica como membro da Máfia Azul Sete Lagoas no seu perfil no Instagram, deixa um filho de 10 anos. 

Hospital mobilizado

Segundo as autoridades paulistas, todas as vítimas são torcedores do Cruzeiro, sendo que 15 delas foram levadas ao Pronto-Socorro Anjo Gabriel, em Mairiporã, e outras três encaminhadas ao Hospital de Franco da Rocha. Sete dos 17 feridos sofreram traumatismo craniano e um deles sofreu uma lesão por arma de fogo no abdômen, mas não corre risco de morrer.

O TEMPO entrou em contato com a unidade de saúde que recebeu a maior parte dos feridos na manhã deste domingo, sendo informada por funcionários que toda a equipe seguia mobilizada no atendimento às vítimas e que, por isso, detalhes não poderiam ser divulgados. 

Sem presos 

Até o momento, nenhum suspeito de envolvimento no crime foi preso. Por nota, a Polícia Civil de São Paulo informou que investiga a briga de torcidas, chamada pela própria instituição policial de “emboscada”. 

“O boletim de ocorrência está em elaboração pela Delegacia de Mairiporã, que requisitou perícia ao local. Mais informações serão fornecidas ao término do registro”, conclui a polícia paulista.

Cruzeiro lamentou morte 

Cruzeiro Esporte Clube lamentou a morte do torcedor do clube por meio de uma nota publicada em suas redes sociais. 

“O Cruzeiro lamenta profundamente mais um episódio de violência entre torcedores, desta vez durante a madrugada, na rodovia Fernão Dias, que culminou com a morte de um cruzeirense e vários feridos. Não há mais espaço para violência no futebol, um esporte que une paixões e multidões. Precisamos dar um basta a esses atos criminosos”, escreveu o clube.

Rodovia interditada por “segurança”

Procurada, a Arteris Fernão Dias, concessionária que administra o trecho da rodovia, informou por nota que a rodovia ficou interditada entre 5h14 e 6h30 “para manter a segurança de usuários e colaboradores”. Com informações de O Tempo.

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