A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), fez duras críticas neste sábado (9) aos preços de hospedagem praticados em Belém durante o período da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), prevista para novembro de 2025. Segundo ela, os valores cobrados por hotéis e pousadas configuram uma “extorsão” e colocam em risco a acessibilidade econômica do evento.

“O que está acontecendo é muito grave, uma extorsão. O evento não pode ser encarado como uma oportunidade de ganhar dinheiro […] Está sendo feito um esforço muito grande para garantir preços acessíveis a países em desenvolvimento e suas delegações”, afirmou a ministra, durante participação em um evento no Sesc Pinheiros, em São Paulo, voltado à participação de jovens na conferência.

Aumento histórico nas tarifas

Relatos indicam que alguns estabelecimentos estão cobrando valores até 10 vezes maiores que o habitual para o período da conferência. A alta é muito superior ao registrado em edições anteriores do evento, quando o reajuste das diárias variava de duas a três vezes.

Em junho, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, notificou formalmente 24 estabelecimentos de hospedagem para explicar a política de preços. Entre os questionamentos, estavam comparativos com anos anteriores, justificativas para aumentos acima de 50% e dados de taxa de ocupação. A medida busca prevenir e apurar possíveis práticas abusivas no contexto da COP30.

Esforço diplomático e logístico

O governo federal também negocia com a Organização das Nações Unidas (ONU) o aumento dos valores repassados para custear a hospedagem de delegações, por meio de um fundo fiduciário que subsidia a estada de representantes de 144 países. Belém deve receber cerca de 50 mil pessoas, incluindo pelo menos 100 chefes de Estado.

Desde maio, embaixadas no Brasil têm enviado alertas sobre a dificuldade de garantir hospedagem para as delegações, o que poderia comprometer a participação de países em desenvolvimento.

Para Marina Silva, a articulação em curso poderá ajudar a reduzir o impacto financeiro, mas a alta atual nos preços já marca negativamente a preparação da conferência. “Vai ficar para a história”, resumiu a ministra.

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