Rafaela Felicciano/Metrópoles

O tenente-coronel Mauro Cid, em oitiva ao Supremo Tribunal Federal (STF), indicou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha ciência do plano de golpe de Estado. O ex-ajudante de ordens prestou depoimento ao ministro Alexandre de Moraes nessa quinta-feira (21/11) para esclarecer contradições entre a delação e as investigações.

Na audiência, Mauro Cid teria sido questionado pelas informações apuradas pela Polícia Federal (PF) e que motivaram operação da última terça-feira (29/11). Segundo relatório da corporação, nomes do governo Bolsonaro teriam atuado em um plano para matar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes.

Os advogados que defendem Mauro Cid, no entanto, negam que o ex-ajudante de ordens tenha confirmado a Moraes que Bolsonaro tinha ciência ou atuou como chefe de um plano de execução de autoridades.

Mauro Cid prestrou depoimento por mais de três horas ao ministro Alexandre de Moraes no STF. Ao deixar o prédio do STF, o advogado de Cid, Cezar Bittencourt, afirmou que Cid “deu a satisfação e complementação repetindo as mesmas coisas que ele tinha dito”. A advogada Vania Adorno Bitencourt, filha de Cezar, confirmou ao Metrópoles que Bolsonaro sabia apenas da trama golpista.

Segundo o STF, o ministro Alexandre de Moraes confirmou a validade da colaboração premiada de Cid. O ministro considerou que o colaborador esclareceu as omissões e contradições apontadas pela Polícia Federal.

Bolsonaro indiciado

Também nessa quinta-feira (21/11), a Polícia Federal (PF) indicou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas por tentativa de impor um golpe de Estado no país. O relatório está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Entre os 37 nomes constam os dos ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também está elencado.

Ao Metrópoles, na coluna de Paulo Cappeli, Bolsonaro afirmou que “o ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”.

As 37 pessoas foram indiciadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Segundo as investigações, o grupo estava dividido em seis núcleos distintos de atuação.

 
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