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A menina de 6 anos que foi resgatada de um cárcere privado em Sorocaba passava a maior parte do tempo assistindo a vídeos pornográficos no celular. A perícia médica descartou que ela tenha sido abusada sexualmente.

A criança foi encontrada na última sexta-feira (29/8) na casa em que morava com o pai e a mãe. Os três dividiam um mesmo colchão posicionado no chão do quarto do casal, um cômodo pintado de branco. Os brinquedos se resumiam a uma cabaninha rosa, algumas bolinhas e dois jogos.

“A menina ficava o dia inteiro no celular. No primeiro contato que tivemos com ela, esse celular foi apreendido. Os conselheiros sempre olham o que a criança está vendo e, nesse caso, viram que havia muitas pesquisas pornográficas no celular dela”, explicou ao Metrópoles Lígia Guerra, conselheira tutelar responsável pelo caso. 

A criança foi levada ao Instituto Médico-Legal (IML), onde passou por exame de corpo de delito, assim que foi retirada da casa. Não foram detectados sinais de abuso, e o aparelho celular ainda deve passar por perícia.

Lígia Guerra disse que foram encontrados três celulares com a família e o que a criança usava tinha acesso restrito, sem comunicação com o mundo exterior. Ela ficava totalmente isolada dentro de casa, sem ir à escola, ter acesso a assistência médica ou assistir a televisão. Por causa do tratamento, a menina nunca aprendeu a falar e só consegue comer comida líquida.

“Ela ficava sempre no mesmo ambiente, um quarto apático. Então, quando trouxemos ela, até o colorido do conselho a deslumbrou. A menina não parava em nenhum lugar, pegava as coisas e não queria estar em lugar fechado. Chegou até a quebrar o alarme do bombeiro, porque ele era vermelho, e aquilo deixou ela fascinada”, completou Lígia. 

Caso começou com denúncia dos vizinhos 

A mãe da menina também usava um celular sem linha e dependia do marido para qualquer comunicação. Ela passava parte do dia fora, vendendo os pães feitos por ele. Segundo a conselheira, a mulher era proibida de entrar em casa se não vendesse toda a produção.

A delegada responsável pelo caso, Renata Zanin, explicou que as condições da família chegaram à polícia após uma denúncia de vizinhos, que acusaram o genitor de ter raspado a cabeça da mulher e a obrigado a usar roupas masculinas. Esses vizinhos relataram que escutavam a criança gritando quando a mãe saía de casa, mas que nunca tinham visto a menina sair do imóvel.

O homem teria recebido os conselheiros aos berros no dia em que eles foram averiguar a denúncia. Apesar disso, a mãe da menina negou à polícia que estaria sofrendo violência e não quis o acolhimento do Conselho.

“O que a gente sabe é que a mãe se afastou da família por conta do marido. Mas, todas as vezes que conversamos com ela, ela negou que era vítima de maus-tratos. Por mais que a gente converse, a gente aponte para ela o que seria essa violência, ela devolve que estava tudo certo, que era tudo normal”, disse a delegada Renata Zanin ao Metrópoles.  

Família da mãe viu a menina pela última vez quando ela tinha 6 meses

Durante o resgate, os conselheiros buscaram a família expandida da mulher e descobriram que a última vez que os avós e tios da menina souberam da criança foi quando ela tinha 6 meses. O homem tinha obrigado a mulher a se distanciar dos familiares e, desde então, eles viviam totalmente separados.

Ao saber das condições da criança, os familiares relataram ao conselho tutelar que a mulher já havia abandonado outro filho. O menino, que hoje tem 21 anos, foi criado pelos avós, que estão acamados. Com informações de Metrópoles.

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