Os mercados financeiros receberam com ceticismo nesta segunda-feira (20) a notícia da compra do Credit Suisse pelo concorrente UBS, uma operação de resgate orquestrada pelas autoridades suíças diante do temor de desestabilização do sistema bancário global.
Os mercados asiáticos encerraram o dia em baixa (Hong Kong -2,7%, Tóquio -1,4% e Xangai -0,5%) e a tendência era a mesma na abertura das bolsas europeias.
Paris operava em queda de 0,63%, Frankfurt recuava 1,10% e Londres perdia 1,17%. Madri estava em baixa de 0,90% e Milão cedia 2,73%.
A tendência era provocada principalmente pela queda dos títulos dos bancos, o que demonstra o receio dos investidores em um cenário em que o colapso de dois bancos americanos provocou muitos temores.
As perdas nas bolsas acontecem após uma semana de tensão nos mercados e diante da expectativa dos investidores sobre que postura o Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) adotará a partir de agora.
Analistas divergem sobre se o Fed vai prosseguir com os aumentos das taxas de juros, pois muitos apontam que a falência do banco americano SVB (Silicon Valley Bank) está vinculada ao aumento dos custos do endividamento no último ano.
Após uma maratona de negociações no fim de semana, UBS, maior banco suíço, concordou no domingo (19) em comprar o rival Credit Suisse por um preço muito abaixo do que a instituição era avaliada há algumas semanas.
A instituição aceitou a compra depois que o governo de Berna apresentou garantias e o Banco Central suíço, o BNS, também garantiu a liquidez.
A queda expressiva nas cotações do petróleo e a alta nos “valores refúgio”, que incluem o ouro e o iene, constituem mais indícios que sugerem que os investidores “ainda estão assustados”, destaca Stephen Innes, da SPI Asset Management.
Garantias das autoridades
O Credit Suisse sofreu um colapso na bolsa na semana passada e precisou de auxílio do BNS. No entanto, depois que a ajuda não impediu a continuidade da queda das ações, as autoridades iniciaram uma negociação que resultou na compra pelo rival.
O UBS aceitou pagar três bilhões de francos suíços (US$ 3,25 bilhões, R$ 17,1 bilhões), um terço do que o banco valia na sexta-feira (17), antes da negociação.
Durante as discussões ficou estabelecido que o UBS terá uma garantia do governo de nove bilhões de francos suíços, como seguro, caso surjam problemas com a carteira do Credit Suisse.
Além disso, o BNS disponibilizou aos dois bancos uma linha de liquidez de até 100 bilhões de francos suíços.
Folha Mercado
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As agências reguladoras e o governo federal atuaram sob a imensa pressão dos principais sócios econômicos da Suíça para sanear a situação antes de um contágio para o resto do mundo.
Os dois bancos foram afetados no início da sessão desta segunda-feira: a ação do Credit Suisse desabou 62% e a do UBS perdia mais de 13%.
Neste cenário, os bancos centrais dos Estados Unidos, Suíça, Reino Unido, Canadá e Japão anunciaram esforços coordenados para melhorar o acesso à liquidez.
Innes destaca, no entanto, que “quanto maior o envolvimento das autoridades políticas, mais os investidores temem notícias ruins, o que cria uma espiral de retroalimentação”.
Com informações da Folha de São Paulo