Foto: Alberto César Araújo / Amazônia Real/ Abril de 2024

O Amazonas registrou avanços importantes no combate à fome, mas ainda convive com uma realidade preocupante: cerca de 330 mil pessoas continuam vivendo em situação de insegurança alimentar grave, segundo dados da PNAD Contínua – Segurança Alimentar 2024, divulgada nesta quinta-feira (10/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar da melhora nos indicadores, o Estado segue com o segundo maior percentual de fome do Brasil.

De acordo com o levantamento, a proporção de domicílios com segurança alimentar no Amazonas aumentou de 57,4% em 2023 para 61,1% em 2024, o que representa um acréscimo de 3,7 pontos percentuais. Entre os moradores, o avanço foi de 52,8% para 56,9%, o equivalente a 92 mil pessoas deixando a insegurança alimentar grave em um ano.

Ainda assim, a pesquisa mostra que 38,9% dos lares amazonenses ainda enfrentam algum grau de insegurança alimentar — índice acima da média nacional.

Fome diminui, mas ainda supera média do país

O número de domicílios em insegurança alimentar grave, quando a fome se torna uma realidade diária inclusive entre crianças, caiu de 9,1% para 7,2%. Entre os moradores, o recuo foi de 10,3% para 8,0%.

Mesmo com a queda, o resultado ainda é mais que o dobro da média nacional, que passou de 4,1% para 3,2% no mesmo período.

O levantamento também aponta redução nas faixas leve e moderada de insegurança alimentar. A leve, caracterizada pela incerteza sobre o acesso aos alimentos, passou de 28,3% para 27%. Já a moderada, quando há redução na quantidade de comida entre adultos, caiu de 8,6% para 8,2%.

Mais de 2,3 milhões vivem em segurança alimentar

Em números absolutos, o grupo de amazonenses que vive em domicílios com segurança alimentar aumentou de 2,1 milhões para 2,3 milhões de pessoas. Já o total de moradores em lares com algum grau de insegurança caiu de 47,2% para 43,1%, o que demonstra uma tendência de recuperação após os piores índices registrados nos anos de pandemia.

Norte ainda é a região mais vulnerável

Mesmo com avanços, o Norte segue como a região com menor nível de segurança alimentar do país. De acordo com o IBGE, 62,4% dos domicílios da região têm acesso regular a alimentos, bem abaixo da média nacional (75,8%).

Em contraste, o Sul lidera com 86,4% dos lares em segurança alimentar, enquanto Santa Catarina se destaca como o estado com melhor desempenho (90,6%).
Na outra ponta, Pará aparece com o pior índice do Brasil (55,4%).

Desafios persistem

Apesar dos avanços, o Amazonas permanece entre os estados com maiores índices de insegurança alimentar grave, o que reforça a necessidade de políticas públicas permanentes de combate à fome e incentivo à produção de alimentos regionais.
O quadro mostra que, embora o Estado tenha registrado melhora expressiva em 2024, a fome ainda é uma realidade para milhares de famílias, sobretudo nas áreas rurais e ribeirinhas.

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