William Cardoso/Metrópoles

Dois dias após a criação do comitê de crise para enfrentar a série de intoxicações por bebidas adulteradas com metanol, o governo estadual já interditou seis estabelecimentos, suspendeu a inscrição de uma distribuidora, apreendeu 178 mil garrafas de bebidas e prendeu duas pessoas em São Paulo.

De acordo com o último balanço divulgado pela Secretaria da Saúde, são 37 casos registrados desde o mês de setembro — 27 suspeitos e 10 confirmados. A pasta também atualizou o número de mortes para 6 — 5 sob investigação e uma confirmada.

Comércios foram interditados cautelarmente pelas Vigilâncias Sanitárias Estadual e Municipal: quatro bares e duas distribuidoras, localizadas nos bairros Bela Vista, Itaim Bibi, Jardins e Mooca, na capital, e na cidade de São Bernardo do Campo e Barueri, na Grande São Paulo.

De acordo com um servidor do Procon existe uma preocupação, já que, em alguns casos, o estabelecimento que atendeu o consumidor pode não ser o culpado. “Comprou a bebida direitinho, com nota fiscal. As investigações apontam que a adulteração teria ocorrido em outro elo da cadeia de fornecimento.”

Estabelecimentos fechados

O Beco do Espeto, no Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo, divulgou uma nota em que informa o fechamento e atribuiu a interdição a uma suposta desinformação que circulou nas redes sociais. “Passamos por uma fiscalização hoje [1° de outubro] e, mesmo apresentando todas as notas fiscais de nossas bebidas e sem haver qualquer indício de irregularidade quanto aos nosso produtos, fomos obrigados a fechar as portas”, disse o estabelecimento.

“O auto de fechamento é pautado única e exclusivamente em uma suspeita, baseada numa fake News disseminada pela má-fé de pessoas que se utilizam do tema para surfar na onda de visibilidade”, completou.

Nos Jardins, também na zona oeste, o Ministrão foi interditado em ação conjunta com as vigilâncias sanitárias municipal e estadual devido a indícios da venda de bebidas alcoólicas contaminadas com metanol no estabelecimento. A defesa dos proprietários afirma que o local foi fechado “por causa de apenas uma pessoa”. A fiscalização suspendeu inscrição estadual do bar.

O Torres Bar, conhecido na região como o “bar do Chiquinho”, na Mooca, zona leste da capital, teve as portas fechadas após a morte do empresário Ricardo Lopes Mira, uma das vítimas da contaminação de bebida por metanol em São Paulo.

Interditado, o Villa Jardim, bar de São Bernardo do Campo, na região metropolitana, afirmou em comunicado que suspenderá suas atividades até o fim das investigações e esclarecimento dos fatos. “Nossas bebidas são compradas lacradas e em sua condição original. Embora tenhamos ciência de apenas um relato onde foi alegado o consumo de bebida alcoólica em todo estabelecimento e, subsequentemente, se sentiu mal, enfatizamos que o Villa Jardim preza rigorosamente pela qualidade dos produtos comercializados.”

Entre as distribuidoras interditadas estão a GRF distribuições, em Barueri, e a BB Belbilar Bebidas, em Bela Vista.

Ainda de acordo com o governo, uma distribuidora já teve a inscrição estadual suspensa preventivamente. Outras três estão com a situação sob análise para suspensão.

Apreensões e prisões

As autoridades já apreenderam 178 mil garrafas durante as operações. Sendo 128 ml garrafas de vodca lacradas em Barueri – elas aguardam apresentação de documentação – , 802 garrafas apreendidas nesta semana, 660 em distribuidoras e 142 em três bares da capital paulista.

Na terça-feira (30/9), dois suspeitos foram presos durante as operações contra a intoxicação por metanol em bebidas no estado de São Paulo. Além das prisões, o governo paulista afirmou que cinco inquéritos policiais estão em andamento

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) descarta, por ora, o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas adulterações. A suspeita é de que as práticas sejam conduzidas por quadrilhas independentes, uma vez que nunca havia registro de uso de metanol na adulteração.

Com informações de Metrópoles.

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