O corregedor-nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, determinou nesta quinta-feira (28) o afastamento cautelar do juiz federal Sandro Nunes Vieira, citado em relatório da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.
A decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi tomada após um comunicado do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), informando sobre a citação do magistrado nas investigações. Vieira, que atualmente atua na Justiça Federal de 1ª instância em Paranaguá (PR), não é formalmente investigado no inquérito, mas foi mencionado em mensagens obtidas pela PF no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e de Marcelo Câmara, assessor do ex-presidente.
Segundo a PF, Vieira teria contribuído para o relatório produzido pelo PL, por meio do Instituto Voto Legal (IVL), que questionava a integridade das urnas eletrônicas após o segundo turno das eleições de 2022. Em uma das mensagens analisadas, ex-assessores de Bolsonaro afirmam que o juiz teria demonstrado preocupação em não ser associado ao caso. Mesmo assim, o presidente do PL, Valdemar de Costa Neto, declarou em entrevista que conversou com o magistrado sobre possíveis irregularidades nas urnas.
Investigadores concluíram que Sandro Vieira teria prestado assistência ao PL de forma “ilegal e clandestina” na elaboração da representação eleitoral contra as urnas. Em novembro de 2022, o PL protocolou no TSE um pedido para anular cerca de 280 mil urnas eletrônicas usadas no pleito, mas a Corte rejeitou a ação, aplicando uma multa de R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé.
O afastamento determinado pelo ministro Mauro Campbell reforça o compromisso do CNJ com a transparência e a lisura das investigações relacionadas às tentativas de subverter o processo democrático no país.