Improvisação
Apesar da complexidade do aparelho, especialistas consultados pelo Metrópoles e Gwara Media, parceira na apuração, sugerem que o equipamento é um sistema improvisado, produzido de maneira artesanal.
“Trata-se de um tipo de sistema improvisado de interferência de ondas eletrônicas, feito em casa, com um conjunto de peças de reposição chinesas montadas em uma placa de metal com bons dissipadores de calor para resfriamento. Mas, na verdade, são apenas os bloqueadores chineses mais comuns”, explica Yegor, especialista ucraniano em drones consultado pela reportagem.
Ainda assim, o especialista confirma que o símbolo encontrado no equipamento é realmente o Tryzub. Ele, no entanto, prega cautela, tendo em vista que o mesmo só aparece no gabinete do interceptador.
“O tridente, é claro, sugere que pode pertencer a nós, mas tanto os russos quanto nós produzimos sistemas semelhantes, então é difícil dizer. Com apenas duas fotos, é difícil ter certeza”, disse ele, ao analisar as imagens fornecidas pela PMERJ.
Mesmo com as evidências que inteligam o equipamento ao conflito no Leste Europeu, analistas também levantam outras hipóteses para a presença da peça com o brasão ucraniano no Brasil. A peça pode ter chegado ao RJ por meio de negociações realizadas no mercado negro e, até mesmo, através de brasileiros que foram combater na guerra da Ucrânia.
Autoridades mantém silêncio
Após a apreensão, a Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou que o caso foi encaminhado para a Polícia Federal (PF).
O Metrópoles procurou a PF e questionou sobre a origem do equipamento, a possível ligação com a guerra na Ucrânia e o andamento do caso. Em nota, a corporação afirmou que não comenta investigações que ainda estão em andamento.
Esta reportagem foi produzida em colaboração com o Gwara Media, meio de comunicação ucraniano independente com sede em Kharkiv.