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“Se entrar na piscina depois de comer, vai passar mal”. Essa é uma frase bastante repetida pelas mães para as crianças depois do almoço, mas será que ela faz sentido ou é apenas um mito popular passado por gerações?

Segundo o gastroenterologista Ramon Warlley, que atua em Brasília, não existem evidências científicas robustas que comprovem um risco grave e direto de pessoas saudáveis entrarem na piscina depois de comer.

No entanto, é importante apontar que atividades físicas intensas na água durante a digestão podem causar desconfortos gastrointestinais, como náuseas, sensação de estômago pesado, refluxo e câimbras. “Em casos mais raros, a pessoa pode sentir cólicas abdominais ou até mal-estar súbito”, conta o médico.

Nessa situação, há uma disputa interna no organismo pelo fluxo sanguíneo: enquanto o estômago e o intestino precisam de sangue para digerir o alimento, os músculos também passam a “exigir” uma reserva para se manterem ativos. Esse conflito é o causador dos incômodos.

Para o médico do esporte Felipe Cézar, entrar na piscina após comer não é proibido, mas é necessário estar atento aos sinais que o corpo dá. “O que precisamos é ter bom senso, ajustar a intensidade do exercício de acordo com a refeição feita e priorizar sempre a segurança”, esclarece o profissional do Espaço Hi, em São Paulo.

Como entrar na piscina com segurança após uma refeição

  • Antes de entrar na piscina, dê preferência a alimentos leves e que não demandem muita energia do sistema digestivo, como frutas e vegetais.
  • Caso não seja possível, reduza a intensidade da atividade dentro da água.
  • Sempre mantenha a hidratação em dia para reduzir o risco de câimbras.
  • Em qualquer sinal de desconforto, saia da água e procure lugares para descansar.
  • O cuidado deve ser redobrado com crianças, que não conseguem relatar o que estão sentindo com clareza.

Como funciona a digestão

Logo após a refeição, o organismo inicia um processo complexo para quebrar e absorver os nutrientes. Juntos, o estômago, o intestino, o fígado e o pâncreas trabalham, liberando enzimas e hormônios que regulam a digestão. Para esse processo, o corpo dispõe de um fluxo sanguíneo maior para o sistema gastrointestinal, priorizando a digestão dos alimentos.

A redistribuição de sangue está por trás da sonolência e queda de energia relatadas após o almoço ou jantares fartos. “Isso acontece porque o organismo está focado na digestão”, diz Warlley.

Influência da alimentação

O tipo de refeição feita antes do mergulho influencia diretamente nos incômodos. O consumo de lanches leves — como frutas, sucos e sanduíches naturais — não causam problemas na maioria dos casos. Por outro lado, a ingestão de massas, frituras e alimentos gordurosos aumenta as chances de desconforto ao entrar na água.

Para evitar os sintomas, é preciso estar atento também ao intervalo de tempo para pular na piscina, que também está ligado ao tipo de alimento consumido.

“Depois de refeições maiores, o ideal é esperar de uma a duas horas antes de nadar ou realizar esforço intenso na água. Já no caso de lanches leves, muitas vezes 30 minutos são suficientes”, orienta Cézar.

Com informações de Metrópoles

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