O município de Carauari, na calha do Juruá, é hoje referência no Amazonas quando o assunto é conservação e manejo sustentável de quelônios. Há mais de 30 anos, comunidades ribeirinhas mantêm um trabalho contínuo de monitoramento, que atualmente conta com o apoio estruturado de cinco instituições: Amecsara, Amaru, Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), ICMBio e Prefeitura Municipal de Carauari.

Esse modelo colaborativo, reconhecido em toda a região, segue um processo dividido em quatro etapas:

  1. Seleção dos Monitores — realizada diretamente pelas comunidades;
  2. Oficina de Capacitação — onde todos os monitores recebem treinamento técnico;
  3. Monitoramento e Troca de Formulários — executado pela coordenação de campo, garantindo precisão e continuidade dos registros;
  4. Gincana e Soltura dos Filhotes — etapa final, que mobiliza comunidades e celebra os resultados do ciclo.

Mais de 3 milhões de filhotes devolvidos à natureza

Graças a esse arranjo bem-sucedido, Carauari já devolveu mais de 3 milhões de filhotes de quelônios aos rios da região. O resultado expressivo é fruto do envolvimento comunitário, da articulação institucional e do compromisso ambiental construído ao longo de três décadas.

Avanços na criação legal de quelônios

O histórico de monitoramento permitiu também o avanço na criação legal de quelônios, autorizada por meio das Resoluções 24 e 25 do Governo do Estado. Diferente do manejo tradicional, a criação garante uma cota legal de retirada das praias para fins produtivos.

Três comunidades já conquistaram credenciais como “tabuleiros bem organizados” e estão habilitadas para a criação: Manarian, Vila Ramalho e Xibauazinho. A experiência resultou na primeira feira de comercialização de quelônios em Carauari, consolidando um novo ciclo econômico sustentável.

O sucesso do projeto coloca Carauari como referência para outras unidades de conservação e territórios que buscam modelos integrados de preservação ambiental e geração de renda.

Parcerias que fortalecem o projeto

A iniciativa só é possível graças a uma rede de apoiadores, entre eles: Prefeitura Municipal de Carauari, Asproc, Codaemj, Anne, Asmanj, Instituto Juruá, Pé-de-Pincha, Sitawi, FAS, Fórum Território Médio Juruá e diversas comunidades ribeirinhas que permanecem na linha de frente da conservação.

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