
O Monte Rinjani, com seus imponentes 3.726 metros de altitude, atrai milhares de turistas à ilha de Lombok, na Indonésia, todos os anos. Reconhecido por suas paisagens deslumbrantes, o vulcão — o segundo mais alto do país e parte do Círculo de Fogo do Pacífico — também tem sido cenário de acidentes fatais, como o que vitimou a brasileira Juliana Marins, no último sábado (21/06).
Com uma caldeira de cerca de 50 quilômetros quadrados e trilhas que atravessam formações rochosas dramáticas, o Rinjani é descrito no site do parque nacional como “escalável para visitantes com bom condicionamento físico”. Porém, o mesmo portal alerta: o risco de fatalidades é alto, mesmo com acompanhamento de guias credenciados.
Treinamento de guias é deficiente, admite parque
O próprio Parque Nacional Monte Rinjani admite que os padrões de certificação e treinamento exigidos para os guias locais são inferiores aos adotados em outros países. “Acidentes graves, inclusive mortes, ocorrem em trilhas conduzidas por esses guias credenciados”, reconhece a administração da reserva.
A crítica ganha força diante do histórico recente. Desde 2022, pelo menos duas outras mortes foram registradas nas trilhas do vulcão. Em maio deste ano, um turista malaio de 57 anos morreu após escorregar em um trecho íngreme. Ele havia recusado o uso de equipamentos de segurança. Dois anos antes, um israelense-português de 37 anos caiu de uma altura de aproximadamente 150 metros, próximo ao cume. A remoção do corpo levou três dias.
Turistas assinam termo de responsabilidade
A entrada no parque custa o equivalente a R$ 50, e muitas das excursões — anunciadas em sites como o TripAdvisor — são vendidas como experiências turísticas comuns, com preços entre R$ 960 e R$ 2.300 por pessoa. Fotos promocionais frequentemente mostram turistas sem preparo físico evidente ou equipamentos especializados. O parque permite, inclusive, que aventureiros subam por conta própria, alugando equipamentos localmente — opção mais barata, mas também mais arriscada.
Para participar das trilhas, os turistas assinam um termo que os torna responsáveis por sua própria segurança. Ainda assim, o ambiente exige atenção. “É crucial entender e respeitar esta grande montanha”, destaca o parque em sua página oficial.
Trilha desafiante e clima adverso
O percurso até a borda da cratera, a cerca de 2.700 metros de altitude, já é desafiador. A subida ao cume, no entanto, costuma levar até quatro dias e inclui trechos de areia vulcânica solta — comparada por guias experientes a “dois passos para trás a cada passo para frente”.
A variação climática acentua as dificuldades. Durante a noite, as temperaturas podem cair para 4 °C, com ventos fortes e possibilidade de chuva. O parque recomenda o uso de roupas térmicas e equipamentos adequados, mas relatos indicam que muitos turistas não seguem essas orientações à risca.
Com informações de IstoÉ