Morreu nesta segunda-feira a cantora Leny Andrade, aos 80 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada nas redes sociais da artista. “A diva do Jazz Brasileiro, Leny Andrade, foi improvisar no palco eterno. Leny faleceu nessa manhã, cercada de muito amor. As informações do velório serão divulgadas em breve. A voz de Leny Andrade é eterna!”, dizia a legenda da foto.

Mãe de Leny Andrade queria que a cantora fosse pianista clássica

A mãe queria que Leny de Andrade Lima fosse pianista clássica. Dona Ruth ensinou as primeiras lições quando a filha tinha 6 anos. Mais à frente, a menina ganhou bolsa de estudos do Conservatório de Música, onde se formou. Terminado o “castigo”, segundo classificou ao GLOBO em uma de suas últimas entrevistas, entregou o diploma para a mãe:

– Está aqui de presente para a senhora. Não me canse. Quero ser cantora.

Na verdade, já era. Aos 9 anos, foi levada pelo pai, o médico Gustavo da Silva, para se apresentar no Clube do Guri, da Rádio Tupi. Numa das idas ao programa, fez sucesso com o samba-canção “Risque”, de Ary Barroso. Adorava músicas de fossa, que ouvia no rádio. Suas intérpretes preferidas eram Dalva de Oliveira e Dircinha Batista.

Influência de Dolores Duran

Na adolescência, a carioca do Méier já cantava em clubes da Zona Norte. E, com autorização dos pais, subia aos pequenos palcos das boates do Beco das Garrafas, em Copacabana, principais endereços da bossa nova e do samba-jazz. Foi numa dessas boates, a Little Club, que ouviu aquela que se tornou sua maior referência, Dolores Duran – que morreria naquele mesmo 1959.

Naquele ano, ela gravou uma composição de Dolores (“Quem sou eu”) num 78 rotações por minuto. Até 1964, ela gravaria cinco desses discos (duas faixas em cada um). Se começou na cola do estilo da maioria das cantoras do rádio, soltando a voz potente, dois anos depois já mostrava o que seriam suas marcas: o suingue e o scat (emitir sons em vez de palavras), técnicas que aprimorou como cantora da noite.

– Sempre gostei de cantar à noite. A noite foi das coisas melhores da minha vida – disse ao GLOBO ela, que gostava de fumar, mas evitava beber.

Leny Andrade lançou primeiro LP em 1961

Em 1961, lançou seu primeiro LP, “A sensação”. Logo se tornou porta-voz da ala mais jazzística da bossa nova, de autores como Durval Ferreira e Mauricio Einhorn. A dupla criou dois carros-chefes da trajetória de Leny: “Batida diferente” e, com letra de Regina Werneck, “Estamos aí”. Esta música deu título a um de seus principais discos, de 1965. A artista lançou 34 álbuns na carreira.

Também em 1965, ao lado de Pery Ribeiro e do Bossa 3, fez grande sucesso com o show “Gemini V”, na boate Porão 73, em Copacabana. Todos foram convidados a fazer o show no México no ano seguinte. Leny foi e só voltou seis anos depois.

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