O promotor Leonardo Tupinambá do Valle, coordenador do GAECO/MP-AM, detalhou nesta sexta-feira (3) a operação que resultou na prisão do vereador Rosinaldo Bual (Agir) e de sua chefe de gabinete, Luzia Seixas Barbosa, acusados de participação em um esquema de rachadinha dentro da Câmara Municipal de Manaus. A ofensiva, batizada de Operação Face Oculta, cumpriu 17 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva.

Durante as diligências, foram apreendidos três cofres, uma arma de fogo (pistola 380), diversos aparelhos eletrônicos, cheques que somando ultrapassam o valor de R$ 500 mil e uma quantia expressiva em dinheiro vivo, que precisou ser contada com auxílio de uma máquina. A Justiça também determinou o bloqueio de R$ 2,5 milhões das contas do vereador.

Esquema de rachadinha

Segundo o promotor, as investigações apontam que o vereador mantinha uma alta rotatividade de servidores, chegando a passar por 40 a 50 assessores apenas no atual mandato. Parte dos salários era desviada e retornava ao parlamentar por meio de quatro ou cinco intermediários.

“Identificamos aproximadamente 50 funcionários que devolviam até metade dos salários para o vereador. Esses valores eram revertidos em benefício pessoal dele”, explicou Tupinambá.

A chefe de gabinete, Luzia Seixas, também foi presa por atuar como articuladora do esquema, responsável pela coleta e distribuição do dinheiro.

Crimes investigados

O Ministério Público investiga os crimes de peculato, concussão, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O promotor destacou que, respeitando os prazos do Código de Processo Penal, a expectativa é de que a denúncia formal seja apresentada já na próxima semana.

Apesar de questionamentos, o GAECO informou que não há envolvimento de outros vereadores no processo em curso. O esquema, segundo o órgão, se restringe ao gabinete de Rosinaldo Bual.

Outros apontamentos

Durante a coletiva, o MP-AM também confirmou que o vereador foi flagrado por posse irregular de arma de fogo. Questionado sobre a possibilidade de o dinheiro apreendido ter sido usado em compra de votos durante as eleições passadas — quando quatro assessores de Bual chegaram a ser presos —, o promotor disse não haver atribuição do GAECO para atuar na esfera eleitoral, mas não descartou a hipótese de desvio para esse fim.

Além disso, uma das linhas investigadas sugere que parte dos recursos poderia estar sendo usada para agiotagem, embora essa prática ainda esteja em apuração.

Artigo anteriorProsai Parintins reforça diálogo com moradores e apresenta novas etapas do programa
Próximo artigoFeira dos Povos Criativos movimenta o Bumbódromo de Parintins neste sábado