São Paulo — A mulher que diz ter acertado os números da Mega da Virada, mas que a lotérica não registrou o jogo, acionou a Justiça para ter acesso às imagens de segurança do estabelecimento.
Na notificação extrajudicial, enviada ao Metrópoles, Elza Jesus de Almeida, 64 anos, pediu à lotérica onde fez a aposta e à Caixa Econômica Federal que as imagens do circuito de segurança do estabelecimento sejam preservadas.
Ela também pediu o envio dos vídeos no prazo de três dias corridos, a partir do envio da notificação, nessa sexta-feira (10/1).
“Que seja determinada a entrega, bem como a preservação das imagens realizadas, em 31 de dezembro de 2024, no período compreendido das 14h10min a 14h40min, do interior e do caixa da casa lotérica”, diz trecho do texto.
Além disso, Elza entrou com uma ação judicial para exibição de imagens na 13ª Vara Cível Federal de São Paulo do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3).
O objetivo da medida, segundo Evandro Rolim, advogado da mulher, é verificar as imagens do momento em que Elza fez o jogo da Mega da Virada. Em seguida, pedir ao perito judicial um laudo que constate a entrega dos números sorteados para a operadora da casa lotérica.
“Caso o laudo seja positivo, a minha cliente entrará com ação judicial de indenização com fundamento na teoria da perda de uma chance, uma vez que ficou demonstrado que ela tinha probabilidade real e certa de ganhar e só não ganhou por erro no sistema”, disse o advogado.
O filho da mulher, que prefere não se identificar, afirmou à reportagem que seu maior medo “é que eles sumam com as imagens”. Por isso, a medida teria caráter de urgência.
Questionado se tem alguma esperança de que a mãe receba o prêmio milionário, ele disse que não, depois que viu a notícia de que um casal espera há mais de 25 anos por indenização de jogo da Mega não registrado.
“Minha mãe ainda tem esperança, eu não”, afirmou.
Diz ter acertado a Mega
Elza diz ter feito oito apostas da Mega da Virada em uma lotérica onde sempre jogou, perto de onde mora, no Jabaquara, zona sul de São Paulo. Segundo a mulher, apenas uma delas não foi registrada – justamente a sequência que lhe renderia o prêmio de mais de R$ 70 milhões.
Elza conta ter recebido os comprovantes de aposta, mas que não checou se a quantidade de jogos batia. Já em casa, quando viu que os números sorteados foram os mesmos que tinha escolhido em um dos jogos, acreditou ter vencido a Mega da Virada.
Os números sorteados foram: 01 – 17 – 19 – 29 – 50 – 57. Oito apostas foram sorteadas e dividiram o prêmio de prêmio de R$ 635 milhões, totalizando R$ 79,4 milhões para cada.
A mulher acredita que a operadora da casa lotérica errou ao não registrar os três jogos. No entanto, ela também admite ter falhado ao não verificar os comprovantes.
“Foram oito jogos, foi bastante, eu não contei. Se eu tivesse contado, eu saberia que tinha um faltando. E quando ela cobrasse, eu falaria ‘não, pera aí, faltou um’, mas eu não contei. Nem imaginava isso, eu confiei”, conta.
Caso foi parar na polícia
A mulher e o filho chegaram a procurar a polícia e a lotérica para esclarecer o ocorrido. O homem tentou registrar boletim de ocorrência no dia 1º de janeiro, mas o policial de plantão do 16º DP (Vila Clementino) teria recusado fazer o B.O. alegando que não havia indícios de crime no caso.
O homem, então, se dirigiu ao 35º DP (Jabaquara) na manhã do dia seguinte e registrou B.O. não criminal. “Depois de muito custo, a gente conseguiu”, disse.
Na lotérica, o dono do estabelecimento teria se comprometido a fornecer as imagens da câmera de segurança do guichê em que Elza diz ter entregue o jogo com os números sorteados da Mega da Virada. No entanto, ele teria mudado de ideia após a repercussão do caso.
A Caixa se posicionou, também no dia 2 de janeiro, e informou que o recibo emitido pelo terminal de apostas é o único documento que comprova o registro da aposta e habilita ao recebimento de prêmios.