O Museu do Seringal Vila Paraíso recebeu, na manhã do último domingo (20/05), agências de turismo, historiadores, museólogos, professores e turismólogos, que participaram da programação especial em alusão à 16ª Semana Nacional de Museus. Guiados pela técnica de Turismo Marilene Batista, os convidados fizeram um tour pelo espaço cultural e conheceram mais sobre o seringal da época do Ciclo da Borracha, ao visitarem o casarão do seringalista, as trilhas das seringueiras, o tapiri de defumação da borracha, a casa do seringueiro, entre outros lugares.  

Após o percurso, os visitantes se reuniram para uma roda de conversa, onde puderam expor suas impressões sobre a visita guiada, além de críticas e sugestões para o museu, as quais irão compor o relatório base para o plano de ações que visa proporcionar uma melhor experiência a todos visitantes do espaço.

“Este bate-papo final teve como objetivo apurar os pontos a serem desenvolvidos e, com isso, encontrar um ponto de equilíbrio para ressignificar este espaço cultural, do ponto de vista que ele continue sendo um atrativo para o turista que quer conhecer mais sobre a história do Amazonas; um atrativo econômico para as agências de turismo; e também seja uma referência para historiadores e museólogos”, explica o diretor técnico da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC), Ewerton Almeida.

Escravidão – A historiadora Eglê Wanzeler conta que já havia visitado o museu há seis anos, mas que desta vez, ao voltar, fez uma leitura diferente do espaço. “Pensar o que foi o seringal para a Amazônia e para o Brasil é de extrema relevância, principalmente porque retrata a escravidão no Brasil, durante este período. Hoje, o museu cumpriu com uma função que é a de se transformar um espaço de esclarecimento para além da Literatura e do Cinema e também mostrar um conjunto de experiências vividas e sofridas pelo homem amazônico e nordestino”.

Para Glaubecia Teixeira, coordenadora do Curso de Turismo da Universidade do Estado Amazonas (UEA), a iniciativa de convidar as instituições de ensino superior, agências de viagens, historiadores, foi uma ideia fantástica. “Possibilita enxergar o ponto de vista de vários segmentos e isso melhora a função que o museu exerce. Mesmo que os recursos sejam poucos e o tempo curto para trabalhar essas propostas, não deixa de ser válido para se pensar futuramente como o museu pode ficar ainda melhor do que já está”, salienta.

História-Viva – O ex-seringueiro Manoel Henrique de Souza, mas conhecido como “Jaime”, participou do evento contando sua experiência ao trabalhar em um seringal no Acre, por mais de 30 anos. “Foi uma vida difícil onde trabalhávamos somente para sobreviver e não ganhar dinheiro, porém essa classe sofrida foi a que mais trabalhou para o desenvolvimento do País, já que o Brasil se destacou depois do Ciclo da Borracha.”

O evento ainda contou com o brunch oferecido aos visitantes e sorteio de livros.

Sobre o Museu Seringal Vila Paraíso – Foi inaugurado no dia 16 de agosto de 2002 como museu e projeto turístico da SEC. Nos dois primeiros anos havia a participação do navio Justo Chermont para visitas agendadas três vezes por semana com teatralização de atores e figurantes de época.

O museu apresenta aos visitantes um cenário mais próximo da realidade de um seringal de época, mais especificamente do período do Ciclo da Borracha do final do século 19 e começo do século 20.

Funciona de domingo a domingo, das 8h às 16h, e o acesso custa R$ 5 (cinco reais), com meia-entrada para estudantes.

O museu está localizado na zona rural do município de Manaus na região do Igarapé São João, afluente do Igarapé Tarumã-Mirim, margem esquerda do Rio Negro. A ida para o local dá-se somente por via fluvial, tendo que pegar um barco na Marina do David no bairro Ponta Negra, com tempo aproximado de 25 minutos.

Semana Nacional de Museus – Em sua 16ª edição, a Semana Nacional dos Museus teve como tema “Museus Hiperconectados: Novas abordagens, Novos públicos” e contou com uma vasta programação em mais de 1.000 museus em todo país, no período de 14 a 20 de maio. O evento é coordenado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio).

Durante a Semana, também foram realizadas no Palacete Provincial, Museu Casa Eduardo Ribeiro, Museu do Homem do Norte, atividades como: palestras, rodas de conversa, exposição, instalação, apresentações artísticas, visitações e contação de histórias.

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