Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil)

O segundo dia da Cúpula dos Líderes da COP30, realizado nesta sexta-feira (7) em Belém (PA), reforçou o papel do Brasil como articulador das soluções climáticas internacionais. Sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o evento reúne 57 chefes de Estado e mais de 140 delegações para discutir os rumos da transição energética e celebrar os dez anos do Acordo de Paris, em meio a expectativas de novas metas globais para conter o aquecimento do planeta, segundo o g1.

O primeiro dia da Cúpula foi marcado pelo lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), apresentado por Lula como uma iniciativa inédita e símbolo da liderança brasileira no financiamento climático. O fundo, que já reúne 53 países signatários, é considerado um marco para a conservação das florestas tropicais.

“O fundo nasce para transformar as florestas tropicais em infraestrutura viva da estabilidade climática global”, afirmou Lula, ao destacar que o TFFF reposiciona os países do Sul Global no protagonismo das soluções ambientais.

Criado pelo Brasil, o fundo adota um modelo financeiro inovador, baseado em investimentos de renda fixa sustentáveis, que geram lucros para remunerar nações comprometidas com a preservação ambiental — com prioridade para Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo.

A estrutura prevê captar cerca de R$ 625 bilhões (US$ 125 bilhões) a partir de aportes de países, fundações e títulos de mercado, destinando pelo menos 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades locais, além de proibir investimentos em combustíveis fósseis.

Transição energética domina a agenda e define metas até 2035

Nesta sexta-feira, as atenções se voltaram para os painéis sobre transição energética, considerados o ponto alto da COP30. O debate busca acelerar o abandono dos combustíveis fósseis e ampliar o uso de fontes limpas — como energia solar, eólica e hidrelétrica.

“Esperamos ambição e caminhos concretos para essa transição, como disse o presidente Lula, e também avanços nas metas climáticas e no financiamento”, afirmou Alexandre Prado, do WWF-Brasil.

Para Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, a pauta é essencial:

“Nada mais propício do que discutir como o mundo vai abandonando o uso dos combustíveis fósseis. É disso que trata a transição energética.”

Entre as propostas em análise estão triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030 e duplicar a eficiência energética. Outro destaque é o Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4x), coalizão liderada por Brasil, Itália e Japão, que pretende quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035.

Dez anos do Acordo de Paris: balanço e novos desafios

A terceira sessão da Cúpula faz um balanço dos dez anos do Acordo de Paris, marco que uniu quase todos os países na luta contra a crise climática. O tratado tem como objetivo limitar o aquecimento global a 1,5°C até o fim do século, e as chamadas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) são os instrumentos que definem as metas de cada nação.

Para o novo ciclo de compromissos — que vai até 2035 —, o plano base propõe mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano e reformular o sistema financeiro climático global em cinco eixos: reforçar, reequilibrar, redirecionar, reestruturar e reconfigurar.

Belém se torna símbolo mundial da Amazônia e do futuro climático

Entre os líderes presentes estão Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Ursula von der Leyen (Comissão Europeia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e William Ruto (Quênia). O príncipe William representa o rei Charles III.

Já entre as ausências notáveis estão Donald Trump (EUA), Xi Jinping (China) e Javier Milei (Argentina). Mesmo sem poder deliberativo, a Cúpula é vista como um termômetro político global, antecedendo as negociações oficiais da COP30, e marca a primeira vez que um evento climático desse porte ocorre no coração da Amazônia — região estratégica para o equilíbrio ambiental do planeta.

Artigo anteriorPrefeitura de Manaus intensifica obras do ‘Plano de Verão’ no bairro da Paz e transforma realidade dos moradores
Próximo artigoAtleta brasileira de vôlei é suspensa na Albânia após ter gênero questionado