A briga entre acionistas da Saraiva está escalando. Alyssa Bruscato, segunda maior sócia individual e que está em guerra com os controladores da companhia, apresentou à Justiça laudo pericial afirmando que a administração da rede de livrarias falsificou a ata de uma reunião do conselho, segundo documentos vistos pela coluna Capital, do O Globo. Com base nessa perícia, Alyssa pleiteia na Justiça que todo os executivos e o conselho de administração da Saraiva sejam destituídos.
O advogado de Alyssa contratou o perito Domingos Tocchetto para avaliar a ata da reunião do conselho de administração da Saraiva realizada em 29 de dezembro de 2020. Na ocasião, segundo o documento, foi contratada a KR Capital e seu sócio Marcos Guedes, que passou a ocupar o cargo de CEO da empresa. (Ele deixou o cargo este mês).
A acionista — uma jovem empresária gaúcha que montou posição de 15% na Saraiva durante a crise — já vinha há meses levantando suspeitas sobre o contrato com a KR, alegando falta de transparência em um acordo que renderia à consultoria o equivalente a R$ 25 milhões enquanto a Saraiva está em recuperação judicial.
Como contou a coluna na semana passada, foram as reclamações de Alyssa que levaram a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a tornar réu o diretor-presidente da Saraiva, Jorge Saraiva Neto. Os questionamentos também emperram até hoje a realização de uma assembleia de acionistas que estava prevista para janeiro.
Dúvidas em aberto
Na ata da reunião do conselho, a suspeita de Alyssa era que o texto “29 de dezembro de 2020” foi impresso em momento diferente daquele da impressão do restante da ata. E o laudo do perito, visto pela coluna, concluiu que o documento foi falsificado por causa da falta de alinhamento entre partes do texto.
Com base nessa constatação, o advogado de Alyssa, Marcelo Martin, protocolou pedido para a destituição de toda a administração da Saraiva. A Justiça ainda não concordou com esse pleito, e a coluna apurou que seria necessário que a demanda fosse formulada em um processo fora da recuperação judicial.
Ainda não estão claras as razões pelas quais a administração da Saraiva teria qualquer interesse em falsificar a ata da reunião do conselho, e tampouco os representantes de Alyssa explicitaram suas suspeitas no processo. Além disso, não há por ora qualquer decisão judicial corroborando a falsificação, apenas o laudo do perito contratado pela acionista.
Procurada pela coluna Capital, a Saraiva não quis se manifestar.