O motorista do ônibus que caiu numa ribanceira nas margens da BR-153, em Aparecida de Goiânia, na sexta-feira de Natal (24/12), causando a morte de seis pessoas, aparece em um vídeo divulgado nesta segunda-feira (27/12) pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) contando como tudo ocorreu.
Edimar Carlos da Mota, de 31 anos e natural de Araguari (MG), alega que não havia sinalização suficiente na rodovia indicando a mudança de circulação e concentração do tráfego de veículos em uma das pistas, somente. Uma cratera havia se formado no asfalto dias antes, em um ponto próximo do local do acidente.
“Não tinha sinalização. Pela experiência que eu tenho na estrada, todo km atrás existe uma sinalização informando que vai virar pista de mão dupla, que vai ter cone, que vai ter um tempo todo antes preparando para ter um desvio. Ali, quando eu vi, a bagaceira já estava toda em cima já”, relata.
Veja o vídeo:
O motorista conversou com agentes da Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito de Goiânia (Dict) ainda no hospital. O caso está sendo investigado pela PCGO. Edimar aparece nas imagens com partes do corpo enfaixadas, a exemplo da cabeça e do braço, e visivelmente machucado.
Ele contou aos agentes que assumiu a linha do ônibus em Uberlândia (MG), por volta das 19h30 de sexta-feira. O ônibus havia saído de São Paulo, com destino a Brasília, e ele conduziria o veículo até Goiânia. No caminho, o motorista passou por Araguari (MG) e Caldas Novas (GO).
Cratera gerou mudanças na rodovia
Dias antes do acidente, uma cratera se formou no asfalto da BR-153 e a empresa responsável pela rodovia, a Triunfo Concebra, interditou parte da via. “Como já tinha 15 dias que eu não passava aqui, eu não sabia que essa pista estava interditada”, argumenta o motorista.
O ponto principal da mudança, segundo ele, e que o pegou de surpresa foi a concentração do tráfego, nos dois sentidos, em uma das pistas, somente. “Vim seguindo a minha viagem na faixa da esquerda. Do nada, na hora que eu vi, só senti aquele tumulto de cone, caminhão parado, obra e não vi sinalização para trás”, relata.
A Triunfo informou, no dia do acidente, que o ônibus não respeitou a sinalização, invadiu a linha divisória da pista, bateu contra a lateral de uma viatura da empresa concessionária e, em seguida, bateu de frente com uma carreta. Com isso, o motorista perdeu o controle da direção, o veículo saiu da pista e tombou, caindo na ribanceira e indo parar, de lado, no leito do Córrego Santo Antônio.
Vitimas
Mais de 50 passageiros estavam no interior do ônibus. Seis pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, sendo levadas para hospitais de Goiânia e Aparecida de Goiânia. O motorista Edimar está entre os feridos e recupera-se, ainda, dos ferimentos causados pelo acidente.
As seis pessoas que morreram são:
- O casal Maria Eunice Silva, de 67 anos, e Lourival José, de 74 anos. Eles eram de São Paulo;
- Fabiana Tonussi Quirino Xavier, de 44 anos. Esposa de um militar, era moradora do Distrito Federal;
- José Joaquim Macedo dos Santos, de 74 anos. Era morador do Gama (DF);
- Ronaldo Reis, de 26 anos. Era natural do Piauí; e
- Aparecida Ribeiro, de 63 anos. Família mora em Senador Canedo.
Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Aparecida de Goiânia e todos já foram liberados, após o reconhecimento feito por familiares. O acidente ocorreu por volta das 2h no km 508 da BR-153, na região metropolitana de Goiânia.
Atraso
Uma das vítimas feridas, a professora Tércia Euclídes, de 41 anos, contou ao Metrópoles no sábado (25/12), após receber alta do Hospital Estadual de Urgências de Goiânia (Hugo), que o ônibus estava atrasado. Ela embarcou em Caldas Novas, às 23h30, quando, na verdade, o horário programado era 21h30.
“Peguei o ônibus em Caldas Novas e ia para Brasília passar Natal com a minha mãe. Eu lembro que ônibus atrasou e estava andando muito rápido. Eu não consegui dormir, porque fiquei com medo. Eu vinha rezando e aí, de repente, só vi a batida, o ônibus capotou e caiu na ribanceira”, relata.
No relato feito aos agentes da PCGO, o motorista confirmou o atraso. “Ele passou com atraso. Passou lá (em Uberlândia) por volta das 19h30. Eu ia levar até Goiânia e, de Goiânia, outro motorista assumiria até Brasília”, revelou. Partes do veículo foram coletadas para auxiliar na investigação.
Áudio
A DICT, que está responsável pela apuração do caso, deve ouvir o motorista do ônibus novamente ainda no início desta semana. A Polícia Civil informou que vai pedir perícia detalhada do sistema de freios do veículo. Em áudio ao qual os policiais tiveram acesso, Edimar comentou com colegas que seguia no ônibus rumo a Goiânia e que os freios não estariam funcionando plenamente. A Real Expresso informou que o veículo estava em perfeito estado e com manutenção em dia. (Metrópooles)
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