A denúncia de um suposto pedido de propina pelo ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, para a compra de 400 milhões de doses da AtraZeneca, por meio da Davati Medical Supply, pode apontar para dois tipos de crime: corrupção e estelionato. A conclusão é do senador Eduardo Braga (MDB/AM), que pediu a apreensão dos celulares de Roberto Dias e do coronel Marcelo Blanco, que teria acompanhado a negociação entre Dias e Luiz Paulo Dominguetti, o autor da denúncia que teve o telefone recolhido durante depoimento à CPI da Pandemia nesta quinta-feira (01/07).

Eduardo Braga chamou atenção para a tentativa de golpe da Davati no Canadá, também envolvendo a revenda de doses da AstraZeneca, e alertou: “Podemos estar diante de um golpe internacional.” Braga defendeu que a CPI requisite ao FBI informações sobre a Davati e informou que, ao pesquisar o site da empresa, não encontrou em seu portfólio de produtos a vacina AstraZeneca.

Contrato verbal – “Achei muito estranho que uma empresa que tenha capacidade de ofertar 400 milhões de doses ao governo brasileiro não tenha no seu portfólio esse produto, que é um dos mais cobiçados no mundo inteiro”, ponderou o senador, ao defender a convocação, pela CPI, do representante da Davati no Brasil, Christiano Alberto Carvalho.

“Uma segunda esquisitice”, na opinião do senador Eduardo Braga, é o fato de uma empresa do porte da Davati, com representação em 60 países, colocar um intermediário para vender 400 milhões de doses ao governo brasileiro sem nenhuma relação contratual, com um contrato verbal, “de boca”. Questionado por Braga, Dominguetti, que é policial militar, confirmou que tinha uma relação informal com a Davati e que não poderia ser contratado por ser funcionário público.

O senador insistiu na importância de se investigar toda e qualquer denúncia. “A denúncia feita pelo depoente, de pedido de propina de um dólar por dose, é grave, é gravíssima, tão grave quanto a possibilidade de estelionato de tentar vender uma coisa que não existe”, afirmou.

“Para apurar isso precisamos ir às últimas consequências”, completou. Na sua avaliação, os depoimentos de Christiano Carvalho, Roberto Dias e do coronel Blanco, e a triangulação entre as informações dos celulares de Dominguetti, Blanco e Dias, serão essenciais na investigação.

G7 – Em entrevista na saída da CPI, Eduardo Braga desmentiu suposições sobre conflitos internos com o grupo de parlamentares considerados independentes e de oposição na CPI. “Nenhum problema com o G7”, declarou, reiterando sua posição de independência no Senado.

Ele reforçou, também, a necessidade de investigação das denúncias, dentro do estabelecido no Estado Democrático de Direito, como sempre defendeu. Braga lembrou, ainda, que o foco da CPI deve continuar sendo a busca de novos caminhos para salvar vidas e acelerar a imunização de todos os brasileiros.

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