O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse em entrevista ao jornal O Globo, que não há espaço para um levante bolsonarista dentro das polícias militares. A afirmação veio após pergunta sobre a possibilidade de PMs se rebelarem contra governadores de oposição e o Exército agir para conter qualquer tipo de insubordinação.

Segundo Mourão, desde a Constituição de 1988, muitos governadores politizaram as PMs. “Muitas vezes, escolheram como comandante não o mais antigo ou capacitado, mas alguém simpático politicamente àquele governo. Essa politização levou a policiais eleitos dentro do Congresso, Assembleias Legislativas, Câmaras Municipais”, aponta.

O vice-presidente lembra que o Exército já foi acionado em casos específicos, quando a polícia militar entrou em greve. E que o medo de que haja insubordinação agora vem de uma leitura errônea, principalmente embasada pelo o que aconteceu nos Estados Unidos, durante as últimas eleições entre Donald Trump e Joe Biden.

“Você não pode comparar a sociedade americana com a brasileira. É óbvio que você encontra um número significativo de policiais simpáticos ao nosso governo e, em particular, ao presidente Bolsonaro, mas você também tem policiais que são simpáticos à esquerda, ao PT, seja lá quem for” opinou.

Por isso, segundo Mourão, não há preocupação com um levante bolsonarista dentre das PMs. “Não tem espaço”, garantiu.

“Quando a gente procura um modelo histórico e quer transpor para o presente, tem de olhar quais são as causas profundas, as causas imediatas e aquilo que pode ser o pavio que incendeia e deflagra o processo. E o processo brasileiro é outro, totalmente diferente. Então, eu não temo nada disso daí”, pontuou.

Passaporte da imunidade

Mourão também falou sobre a questão do passaporte da imunidade que está sendo discutido no Congresso Nacional, para que somente pessoas vacinadas contra a Covid-19 possam viajar. Para ele, isso não funcionará no Brasil.

“Isso aqui é Brasil, pelo amor de Deus! Vai ter falsificação do passaporte, venda no camelô. Você vai à Central do Brasil, aí no Rio, e vai comprar o passaporte para você. Para viajar de um país para outro, acho que será necessário, como na questão da vacina da febre amarela e outras. No deslocamento dentro do país, é uma discussão inócua”, disse o general, na entrevista à jornalista Malu Gaspar.

Na terça-feira (15/6), o vice-presidente disse que o tema era algo que teria que ser decido em nível internacional.

“Não adianta um país ter, o outro não ter, então isso será objeto em reunião, não só no seio da OMS, mas em grandes organizações multilaterais têm que trabalhar esse assunto pra ver um alinhamento de percepção”, argumentou.

No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também disse que vetará o projeto de lei, caso o Congresso Nacional aprove a matéria.

“Sem comentário, mas tem que comentar. A vacina vai ser obrigatória no Brasil? Não tem cabimento. Daí, alguns falam: ‘Ah, para você viajar tem que ter um cartão de vacinação’. Olha, que cada país faça suas regras. Para ir a tal país, tem que ter tomado tal vacina; se você não tomar, você não entra. Agora, obrigar todo mundo a tomar vacina… Sem comentários”, disse o mandatário, na saída do Palácio da Alvorada.

“Então, eu não acredito que passa no Parlamento. Se passar, eu veto. E o Parlamento tem o direito de analisar – tem o direito não, vai analisar o veto. Se derrubar, daí é lei”, prosseguiu.

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