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Paralelamente ao cargo de ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT) vai atuar como “presidente de honra” de associação financiada e apoiada por megaempresas da China que possuem interesses comerciais no governo brasileiro, sobretudo no próprio Ministério da Saúde.

Batizada de China Hub Brasil, a associação será lançada oficialmente na próxima sexta-feira (14/3), na cidade de São Paulo, com patrocínios da Mindray, uma das principais fornecedoras globais de instrumentos médicos, e da Tegma, empresa de logística de farmacêuticos, e apoio do Banco da China e da Huawei, gigante chinesa de tecnologia que tem implementado parcerias para promover a transformação digital na saúde brasileira. A participação de Padilha, que já aceitou o cargo, é esperada no evento.

A entidade tem como finalidade “a relação econômica, cultural e comercial entre empresas brasileiras e chinesas”. Além de fomentar contatos entre empresas brasileiras e chinesas, irá fazer consultoria para associadas e promover parcerias públicas e privadas.

O futuro presidente e fundador da China Hub Brasil já foi recebido ao menos três vezes no gabinete de Padilha (duas delas não foram registradas na agenda oficial), enquanto ministro-chefe das Relações Institucionais (SRI), e participou até mesmo da posse do petista na pasta, em janeiro de 2023.

Padilha chegou a consultar a Comissão de Ética Pública (CEP) para saber se poderia exercer o cargo de “presidente de honra” e recebeu aval positivo. A consulta, no entanto, foi enviada ao órgão colegiado no último dia 6 de fevereiro, quando ele ainda era ministro-chefe da SRI, e não avaliou a relação das empresas chinesas que participariam como financiadoras ou apoiadoras da associação de lobby. Na ocasião, já se ventilava que Padilha assumiria o cargo de chefe do Ministério da Saúde, órgão em que ele sempre acumulou bastante influência.

Além disso, Padilha alegou à CEP que não teve, enquanto ministro de Estado, “relação relevante” com a associação. Porém, além de ter recebido ao menos três vezes em seu gabinete o futuro presidente da entidade, o ministro se reuniu com representantes da Huawei e de outras empresas da China.

Procurada, a assessoria de imprensa de Padilha informou que ele não vai desempenhar papel de gestão, nem “auferir qualquer tipo de rendimento”.

À coluna o presidente da Comissão de Ética Pública, Manoel Caetano Ferreira Filho, afirmou que o órgão colegiado entendeu que o cargo de presidente de honra foi oferecido ao Padilha-pessoa, e não ao Padilha-ministro. Questionado sobre as empresas chinesas que patrocinam e apoiam o evento de lançamento da China Hub Brasil, Filho acrescentou que “isso é um fato estranho”, que “não foi submetido para a gente” e que a Comissão não estava sabendo. Por fim, ponderou que a CEP poderá reavaliar a decisão.

Consultoria e parcerias públicas e privadas

De acordo com minuta do estatuto social da entidade, o China Hub Brasil vai intermediar relações de pessoas e fomentar contatos entre empresas brasileiras e chinesas, prestar serviços de consultoria, promover investimentos recíprocos e firmar parcerias públicas e privadas, bem como participar de fundos de investimento, de ações e de sociedades de “quaisquer empresas”.

Ainda segundo o estatuto, a associação vai ser financiada a partir de serviços prestados para os associados; de ações e sociedades em empresas e arranjos negociais; de aplicações no mercado de capitais; e da venda de ativos.

Metrópoles/Reprodução

O futuro presidente e fundador da China Hub Brasil já foi recebido ao menos três vezes no gabinete de Padilha (duas delas não foram registradas na agenda oficial), enquanto ministro-chefe das Relações Institucionais (SRI), e participou até mesmo da posse do petista na pasta, em janeiro de 2023.

Padilha chegou a consultar a Comissão de Ética Pública (CEP) para saber se poderia exercer o cargo de “presidente de honra” e recebeu aval positivo. A consulta, no entanto, foi enviada ao órgão colegiado no último dia 6 de fevereiro, quando ele ainda era ministro-chefe da SRI, e não avaliou a relação das empresas chinesas que participariam como financiadoras ou apoiadoras da associação de lobby. Na ocasião, já se ventilava que Padilha assumiria o cargo de chefe do Ministério da Saúde, órgão em que ele sempre acumulou bastante influência.

Além disso, Padilha alegou à CEP que não teve, enquanto ministro de Estado, “relação relevante” com a associação. Porém, além de ter recebido ao menos três vezes em seu gabinete o futuro presidente da entidade, o ministro se reuniu com representantes da Huawei e de outras empresas da China.

Procurada, a assessoria de imprensa de Padilha informou que ele não vai desempenhar papel de gestão, nem “auferir qualquer tipo de rendimento”.

À coluna o presidente da Comissão de Ética Pública, Manoel Caetano Ferreira Filho, afirmou que o órgão colegiado entendeu que o cargo de presidente de honra foi oferecido ao Padilha-pessoa, e não ao Padilha-ministro. Questionado sobre as empresas chinesas que patrocinam e apoiam o evento de lançamento da China Hub Brasil, Filho acrescentou que “isso é um fato estranho”, que “não foi submetido para a gente” e que a Comissão não estava sabendo. Por fim, ponderou que a CEP poderá reavaliar a decisão.

Consultoria e parcerias públicas e privadas

De acordo com minuta do estatuto social da entidade, o China Hub Brasil vai intermediar relações de pessoas e fomentar contatos entre empresas brasileiras e chinesas, prestar serviços de consultoria, promover investimentos recíprocos e firmar parcerias públicas e privadas, bem como participar de fundos de investimento, de ações e de sociedades de “quaisquer empresas”.

Ainda segundo o estatuto, a associação vai ser financiada a partir de serviços prestados para os associados; de ações e sociedades em empresas e arranjos negociais; de aplicações no mercado de capitais; e da venda de ativos.

Metrópoles/Reprodução

O documento não deixa claro, contudo, quais funções serão desempenhadas pelo presidente de honra. A própria Comissão de Ética Pública, porém, entende que Padilha poderá atuar como representante institucional em cerimônias e eventos oficiais e integrar reuniões de caráter consultivo junto à diretoria executiva, “contribuindo com experiência e prestígio para a tomada de decisões estratégicas”.

A Lei de Conflito de Interesses (Lei nº 12.813/2013) proíbe o exercício de atividade, por autoridades do governo federal, que “implique a prestação de serviços ou a manutenção de relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe”.

O convite do evento de lançamento do China Hub Brasil é descrito como uma noite que marca o “início de uma nova fase nas relações Brasil-China, conectando líderes, empresas e instituições para abrir caminhos em negócios, inovação e cooperação estratégica”.

Patrocinadoras e apoiadoras

A entidade ainda não tem associados, mas o evento de lançamento é patrocinado e apoiado por gigantes chinesas.

Uma das patrocinadoras é a Mindray, que mantém parceria com dezenas de hospitais brasileiros e capitaneia eventos de medicina no país. Outra financiadora é a Tegma, da área de gestão logística, com atuação no segmento de transporte para a indústria farmacêutica. A companhia é considerada a “queridinha” entre os montadoras chineses presentes no Brasil.

O evento conta ainda com apoio do Bank of China (BOC), que tem subsidiária no Brasil e fornece linha de créditos para laboratórios, e da Huawei. A gigante da tecnologia anunciou, em dezembro, uma parceria estratégica com a Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS) que visa promover a transformação digital na saúde.

“A colaboração conectará a excelência tecnológica da Huawei com os mais de 500 associados da entidade, compostos por CIOs (chief technology officers, em inglês), gestores e diretores de tecnologia de empresas do ecossistema de saúde suplementar, incluindo hospitais, operadoras de saúde, indústrias farmacêuticas e seguradoras”, explica nota publicada no próprio site da Huawei.

Quem está à frente do China Hub Brasil

O fundador do China Hub Brasil é o empresário Youyang Jiang, que também é secretário-geral da Associação Chinesa do Brasil (entidade filantrópica) e já foi recebido pelo menos três vezes no gabinete do então ministro-chefe das Relações Institucionais, além de ter participado da posse de Padilha no cargo, em janeiro de 2023.

“Participei dessa grande posse do Alexandre Padilha pelo convite do próprio ministro”, escreveu Jiang, em uma rede social, ao postar fotos no Palácio do Planalto ao lado do petista.

Alexandre Padilha, novo ministro da Saúde, e o empresário Youyang Jiang – Metrópoles

Em entrevista à coluna, Jiang evitou chamar de lobby a atividade da associação, mas admitiu, sim, que vão fazer o trabalho de relações governamentais e que atuarão para fazer “conexões”. “Eu não posso prejudicar nenhum amigo meu, qualquer amigo”, declarou. “Não entendo todas as coisas, mas temos os parceiros brasileiros que entendem. Tecnicamente não entendendo nada, mas tenho muitos amigos, que fazem os trabalhos e conseguem ajudar”, completou.

“O que temos de diferente aqui [no China Hub Brasil] é a minha credibilidade, daquilo que construí em 20 anos no Brasil. Eu consigo aproveitar esses relacionamentos e credibilidade para oferecer os serviços para as empresas chinesas”, acrescentou Jiang.

O futuro presidente da China Hub Brasil evitou dar detalhes sobre as atividades do ministro na associação e se ateve a dizer que Padilha será presidente de honra. Jiang garantiu que o ministro não participará de negociações e que sempre consultarão o jurídico da entidade sobre as limitações de Padilha.

“Vale a pena reforçar: o China Hub Brasil não tem ideologia política. Não é de esquerda, não é de direita. A gente conversa com todo mundo. Com todo mundo. A gente tem muitos amigos. Não temos ideologia de nada”, frisou. “Pessoalmente, eu adoro o Padilha”, completou.

O empresário explicou que fez o convite para o ministro de Lula ainda neste ano, antes de ele ser indicado para a pasta de Saúde, no lugar de Nísia Trindade. “Quando ele estava na SRI, ele sempre participou das nossas atividades da comunidade chinesa.”

O que diz Padilha

Procurada, a assessoria de imprensa de Alexandre Padilha enviou a seguinte nota:

“O ministro Alexandre Padilha foi convidado para ser presidente honorífico da associação China Hub Brasil, sem desempenhar funções de gestão nem auferir qualquer tipo de rendimento. A associação, conforme seu estatuto, se constitui ‘sem fins econômicos, tendo por finalidade precípua a relação econômica, cultural, comercial entre empresas brasileiras e chinesas, fomentando o fortalecimento das atividades empresariais, dentro dos princípios da livre iniciativa’.

Cabe destacar que a associação, além de reunir empresas de grande porte como Huawei e Bank of China, também conta com agentes públicos dos dois países. Desse modo, tratar sua atuação como de lobby é reduzir o caráter estratégico da cooperação entre os setores públicos e privados dos dois países.

Quanto às agendas com representantes da associação, todas foram de caráter institucional e tornadas públicas pela SRI”.

Com informações de Metrópoles

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