
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, 70 anos, chegou na manhã desta terça-feira (21/10) à prisão de La Santé, no 14º distrito de Paris, tornando-se o primeiro ex-chefe de Estado da França a ser encarcerado desde a Segunda Guerra Mundial. Sua chegada foi marcada por gritos de detentos como “Bem-vindo, Sarkozy!” e “Sarkozy está aqui!”.
A detenção ocorre cerca de um mês após sua condenação a cinco anos de prisão por associação criminosa no caso de suspeita de financiamento líbio de sua campanha presidencial de 2007. Sarkozy, que recorreu da sentença, insiste em sua inocência.
Antes de seguir para a prisão, o ex-presidente saiu de sua casa por volta das 9h15 (hora local), acompanhado de sua esposa, Carla Bruni, para saudar apoiadores. Em uma mensagem publicada no X (antigo Twitter), ele declarou: “A verdade triunfará”, mas “o preço a pagar terá sido altíssimo”. Ele também afirmou: “Não é um antigo presidente da República que se prende esta manhã, é um inocente”, classificando o evento como um “escândalo judicial”.
Sarkozy expressou sua combatividade ao jornal La Tribune Dimanche: “Não tenho medo da prisão. Vou manter minha cabeça erguida, inclusive diante dos portões de La Santé”. Ao Le Figaro, ele disse: “Quiseram me fazer desaparecer, isso me faz renascer”, revelando que levará consigo três livros, incluindo O Conde de Monte Cristo, e que planeja escrever sobre sua experiência.
Condições da Detenção e Próximos Passos Legais
Na prisão de La Santé, Sarkozy foi instalado em uma cela de 9m² na ala de isolamento, uma medida de segurança que não confere privilégios. A cela dispõe de cama, mesa, chuveiro e vaso sanitário, além de um kit básico. Ele terá direito a três visitas semanais, uso de telefone fixo e uma hora de passeio diário, sem contato com outros detentos.
Advogados de Sarkozy apresentaram imediatamente um pedido de liberdade, classificando a prisão como uma “vergonha”. A corte de apelação terá até dois meses para decidir sobre o caso.
Em 25 de setembro, o tribunal correcional de Paris o considerou culpado de permitir que colaboradores buscassem apoio financeiro da Líbia de Muammar Kadhafi para sua vitoriosa campanha de 2007. A pena foi justificada pela “gravidade excepcional dos fatos”. Ao contrário de outros condenados no mesmo processo, Sarkozy recebeu um prazo para organizar seus compromissos profissionais antes de se apresentar à prisão. Ele anunciou que continuará exercendo funções como administrador nos grupos Lagardère e Accor.
O presidente Emmanuel Macron, que recebeu Sarkozy no Palácio do Eliseu dias antes da prisão, comentou: “Sempre fiz declarações públicas muito claras sobre a independência da autoridade judicial… Mas seria normal que, do ponto de vista humano, recebesse um dos meus antecessores neste contexto”.
Com informações de Metrópoles










