Na sua primeira coletiva de imprensa após reassumir a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump reafirmou sua postura unilateralista ao declarar que os EUA “não precisam” do Brasil e da América Latina. A declaração foi feita nesta segunda-feira (20), durante a assinatura de decretos no Salão Oval da Casa Branca, conforme noticiado pela Folha de S.Paulo. Segundo Trump, os países da região dependem muito mais dos Estados Unidos do que o contrário.

“Na verdade, não precisamos deles, e o mundo todo precisa de nós”, afirmou o presidente americano, ressaltando a visão de que os EUA continuam sendo a principal potência global.

A resposta foi direcionada à jornalista brasileira Raquel Krähenbühl, da Globonews, que questionou Trump sobre sua posição em relação à proposta de paz sino-brasileira para a Guerra da Ucrânia. Demonstrando desinteresse, Trump afirmou desconhecer a iniciativa e ironizou: “Acho ótimo, estou pronto para discutir [propostas de paz]. O Brasil está envolvido nisso? Não sabia. Você é brasileira?”

Relação com o Brasil e novas tarifas protecionistas

Ao abordar a relação dos EUA com o Brasil e a América Latina, Trump reiterou a percepção de superioridade econômica e política americana. “Eles precisam muito mais de nós do que nós precisamos deles”, disse o presidente, destacando que pretende adotar novas barreiras tarifárias contra diversos países, incluindo o Brasil, como parte de sua estratégia protecionista.

A sinalização de Trump representa um possível desafio para o agronegócio brasileiro, que tem nos EUA um importante mercado e concorrente em setores estratégicos como o de commodities agrícolas. A política tarifária mais rígida pode gerar impactos significativos para as exportações brasileiras de produtos como aço, alumínio e derivados de soja.

Unilateralismo reforçado

As declarações de Trump e as primeiras ações do novo mandato indicam uma volta ao unilateralismo característico de sua gestão anterior (2017-2021), priorizando os interesses americanos acima de alianças e parcerias regionais. Tal postura pode impactar negativamente as relações diplomáticas entre os EUA e os países latino-americanos, enfraquecendo iniciativas multilaterais em temas como comércio, segurança e mudanças climáticas.

Especialistas avaliam que a nova fase da administração Trump poderá impor desafios ao Brasil, principalmente em questões comerciais e ambientais, áreas frequentemente alvo de críticas por parte do governo americano.

A postura adotada pelo presidente reforça a necessidade de o Brasil buscar diversificação de mercados e fortalecimento de suas relações comerciais com outros blocos econômicos, como União Europeia e China, para reduzir a dependência dos EUA e mitigar eventuais impactos econômicos.

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