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A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) lançou, nesta quinta-feira (29), uma nova diretriz para o tratamento medicamentoso da obesidade. O documento apresenta 35 recomendações atualizadas para médicos e pacientes, refletindo os avanços e transformações no tratamento da doença nos últimos anos — especialmente após a introdução de medicamentos injetáveis como Ozempic e Mounjaro.

A diretriz foi apresentada durante o 21º Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, realizado em Belo Horizonte (MG), entre os dias 29 e 31 de maio.

IMC deixa de ser critério exclusivo

Uma das mudanças mais significativas é o abandono do IMC (índice de massa corporal) como único critério para iniciar o tratamento. Agora, pacientes com IMC abaixo de 30 — tecnicamente fora da classificação de obesidade — podem ser tratados caso apresentem complicações relacionadas ao excesso de gordura corporal, como circunferência abdominal aumentada ou relação cintura-altura elevada.

“O IMC não é uma medida perfeita para avaliar adiposidade. Há pessoas com IMC abaixo de 30 que apresentam riscos metabólicos sérios”, explicou o endocrinologista Bruno Halpern, presidente da Abeso.

Essa mudança permite que médicos identifiquem precocemente riscos e iniciem tratamentos antes que a obesidade avance.

Foco em mudanças de estilo de vida e personalização do tratamento

A nova diretriz enfatiza a importância das mudanças no estilo de vida como base do tratamento, mesmo em pacientes que fazem uso de medicamentos. A associação entre alimentação equilibrada, atividade física e terapia medicamentosa mostra melhores resultados na perda de peso e nos indicadores de saúde metabólica.

“É essencial olhar o paciente como um todo. O contexto social, emocional e físico influencia diretamente no resultado do tratamento”, afirma o médico Fernando Gerchman, coordenador do grupo responsável pela diretriz.

Outro ponto destacado é a individualização da prescrição medicamentosa. A escolha do fármaco ideal deve considerar as comorbidades do paciente, como diabetes, hipertensão, apneia do sono, doenças hepáticas, entre outras.

Atenção à perda de massa muscular

A diretriz também alerta os profissionais de saúde sobre um efeito colateral importante: a sarcopenia, que é a perda de massa e força muscular. Ela pode ocorrer com a perda de peso rápida, principalmente em idosos, comprometendo atividades simples como levantar-se ou carregar objetos.

Os médicos são orientados a adotar estratégias de preservação da musculatura, como exercícios de resistência e monitoramento nutricional adequado, especialmente durante o uso de medicamentos potentes para emagrecimento.

Medicação com benefício além do peso

Os fármacos utilizados no tratamento da obesidade, inicialmente indicados para controle do diabetes tipo 2, vêm mostrando resultados positivos também na redução de risco cardiovascular, melhora do sono e controle de doenças associadas ao excesso de peso.

Com essa nova diretriz, o Brasil atualiza sua abordagem diante de uma condição crônica e complexa, reconhecendo que o tratamento eficaz da obesidade vai além da balança, exigindo uma visão multidisciplinar e centrada na saúde integral do paciente.

Com informações de Metrópoles

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