Agentes da PF com malotes apreendidos durante a Operação Déjà Vu, que mira policiais civis — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Os alvos são quatro agentes que, segundo as investigações, desviaram parte de uma apreensão de cocaína e venderam a droga quando trabalhavam na 25ª DP (Engenho de Dentro). Segundo a TV Globo, policiais federais monitoravam uma carga de meia tonelada de cocaína que seria exportada em contêineres pelo Porto do Rio. Durante o monitoramento, uma equipe da Polícia Civil abordou, na saída do Complexo da Maré, um caminhão que transportava a droga. O motorista foi preso em flagrante.

Ainda segundo a TV Globo, os policiais civis relataram terem retido sete malas com cerca de 220kg de cocaína. Outras 10 malas com 280 kg do entorpecente teriam sido desviadas.

Polícia Civil ‘não precisa de babá’

Em entrevista coletiva, o novo secretário de Polícia Civil do Rio Marcus Amim afirmou que a instituição “não precisa de babá”. A resposta foi dada ao ser questionado sobre a operação da Polícia Federal, que prendeu quatro policiais civis acusados de apreender e negociar 16 toneladas de maconha com traficantes. A “babá”, segundo ele, seria a própria corregedoria da polícia, que já faz um trabalho de fiscalização e responsabiliza os agentes.

Nesta sexta-feira, assim como no dia anterior, o novo secretário não comentou sobre a operação da PF que tem, como alvo, agentes da Polícia Civil. Presente nas redes sociais, até o momento, Amim compartilhou mensagens o parabenizando pelo novo posto e um pequeno trecho de uma entrevista ao canal SBT em que falou que o “policial que está em desvio de função será pego e preso”. Ontem, o secretário falou, em suas redes sociais, apenas sobre a recuperação, no Rio, das armas do Arsenal de Guerra do Exército, em São Paulo.

Operação também na quinta

Nesta quinta-feira, uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio (MPRJ) prendeu quatro agentes da Polícia Civil e um advogado por tráfico de drogas. Os cinco são acusados pela prática de tráfico de 16 toneladas de maconha e corrupção. Os agentes usaram duas viaturas ostensivas da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) para abordar um caminhão, que veio de Mato Grosso do Sul, carregado com o entorpecente. Uma conversa de WhatsApp obtida pelo MPRJ mostra o traficante negociando a carga com os agentes de segurança e oferecendo R$ 300 mil para que eles não realizem o flagrante.

Segundo a denúncia do MPRJ, assim que o motorista foi abordado pelos policiais, ele comunicou ao chefe que estava sendo levado para a Cidade da Polícia, onde a negociação com o traficante aconteceu. De posse do telefone do motorista, os agentes fizeram contato com o criminoso, que ofereceu R$ 300 mil em troca da não realização do flagrante. Eles também pediram a liberação do veículo apreendido e a identificação da pessoa que teria delatado aos policiais o transporte das drogas, chamado de “X-9”.

Em outra troca de mensagens, o traficante diz que está no Complexo do Alemão e informa que consegue acompanhar o deslocamento do caminhão com a carga de drogas. Em seu depoimento, o motorista do caminhão contou que os policiais o deixaram em uma sala distante do veículo e informaram que um advogado — Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão, apontado pelo MPRJ como intermediador no esquema — estava a caminho. O condutor explicou que foi levado pelos policiais civis até uma comunidade vizinha à Cidade da Polícia, em Manguinhos, onde a carga foi descarregada.

Entenda o caso

Quatro policiais civis foram presos na Operação Drake, realizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio, nesta quinta-feira. Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, Eduardo Macedo de Carvalho, Juan Felipe Alves da Silva e Renan Macedo Villares Guimarães eram lotados da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), instalada na Cidade da Polícia, na Zona Norte. Além deles, o advogado Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão também foi preso.

Também foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Resende/TJRJ. Cerca de 50 agentes estão na capital fluminense e em Saquarema, na Região dos Lagos, em endereços ligados aos envolvidos, já denunciados pelo Ministério Público. Um deles foi a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, que fica na Cidade da Polícia, local que reúne outras especializadas, como a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

A investigação teve início com ação integrada do serviço de inteligência da Polícia Rodoviária Federal com a PF. Em agosto deste ano, duas viaturas ostensivas da DRFC abordaram um caminhão, que veio de Mato Grosso do Sul, carregado com 16 toneladas de maconha na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro. Após escoltarem o veículo até a Cidade da Polícia, os agentes negociaram, por meio de um advogado, a liberação da droga e a soltura do motorista, mediante ao pagamento de propina.

De acordo com a denúncia do MP, “os crimes averiguados são concretamente graves, pois se trata de denúncia envolvendo agentes públicos e advogado, como incursos na suposta prática do crime de tráfico de drogas interestadual, corrupção passiva e corrupção ativa”. Com informações de O Globo.

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