Uma indígena Wixarika vota em uma escola primária, durante um dia de simulado eleitoral em Tuxpan de Bolaños, estado de Jalisco, México, em 18 de maio de 2024 - AE/AFP

Urnas, agentes eleitorais, treinamentos no meio das montanhas: a menos de duas semanas para as eleições presidenciais no México, os ensaios acontecem até nas comunidades indígenas mais remotas onde votar é uma façanha.

“Vamos tentar saber juntos como será o dia das eleições”, disse um representante do Instituto Nacional Eleitoral (INE) às autoridades locais vestidas com trajes tradicionais em Tuxpan de Bolaños (estado de Jalisco, oeste).

“É um pouco difícil na área”, disse à AFP Catrina Ávila, que está recebendo treinamento para administrar uma seção eleitoral no dia 2 de junho. Ávila lembrou, que devido à distância dos centros urbanos, às vezes o material eleitoral não chega.

“Nas eleições passadas houve dificuldades” na votação, disse a representante do INE, Roselvet Toledo, que chegou da capital Jalisco, Guadalajara, a várias horas de distância.

“Neste momento há muito entusiasmo porque eles vão votar, porque vão ser mesários”, acrescentou Toledo.

Por razões de segurança, as equipas do INE e o jornalista da AFP retornaram antes do anoitecer a Guadalajara via Tequila (berço do famoso destilado).

Nas eleições legislativas de 2021, os indígenas Wixárika tiveram que caminhar até quatro horas para chegar ao posto de votação instalado no município de Mezquitic (Jalisco), cujo acesso só pode ser feito por estradas de terra, confirmou na época a AFP.

Os indígenas tiveram que desafiar a ameaça dos traficantes de droga que perseguem as suas comunidades e disputam o controle das rotas de fuga no caso de possíveis operações por parte das autoridades. Como parte desta rivalidade, os povos indígenas da região denunciam continuamente as intimidações.

No México há 23,2 milhões de pessoas que se identificam como indígenas, segundo o censo oficial de 2020, quando a população nacional era estimada em 126 milhões de habitantes. Também no domingo, outra comunidade indígena, a Purépecha de Michoacán (oeste), nomeou os seus líderes tradicionais em uma votação em Cherán.

O município indígena de Cherán decidiu em 2011 se governar segundo seus costumes e práticas, dado o cansaço dos habitantes devido aos abusos do crime organizado. “Não tem sido fácil.

No início houve consequências, custou vidas, custou extorsões, custou ameaças”, lembra um líder comunitário, Marco Hugo Guardian. Os membros do Instituto Eleitoral de Michoacán (IEM) participam como “observadores”: “É uma autoridade política que está sendo eleita”, disse à AFP o assessor eleitoral Juan Adolfo Montiel.

Como forma de inclusão de setores historicamente marginalizados, o IEM determinou que era obrigatório que cada partido colocasse 18 indígenas em suas listas de candidatos a prefeitos e deputados estaduais.

O México se prepara para realizar as maiores eleições da sua história no dia 2 de junho, nas quais serão eleitos o presidente, os congressistas, nove dos 32 governadores e milhares de autoridades locais.

No total, estão em disputa pouco mais de 20 mil cargos, em uma campanha marcada pela violência do crime organizado, com 29 candidatos assassinados desde o último dia 23 de setembro, quando o processo eleitoral teve início.

Com informações de ISTOÉ 

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