VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou, na última sexta-feira (5/12), que foi escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como candidato do PL à Presidência da República nas eleições de 2026. A intenção, manifestada pela primeira vez pelo ex-presidente — que está preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília —, provocou reação no Palácio do Planalto.

Interlocutores do Executivo avaliam que a oficialização de Flávio favorece o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e torna o terreno mais favorável para uma reeleição do que se a disputa fosse com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Isso porque o senador, hoje atrás de Lula em todos os cenários das pesquisas, é um adversário com maior dificuldade de engajar o Centrão e os eleitores moderados por sua candidatura, já que tem rejeição natural por fazer parte do clã Bolsonaro.

Tarcísio era visto pelo mercado e por parte do empresariado como o nome capaz de unificar a direita, atrair o centro e reduzir incertezas econômicas. Porém, ele não abriu mão de tentar a reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Auxiliares do governo também apontam que, com Bolsonaro preso e, consequentemente, enfraquecido, o ex-presidente ainda pode mudar de ideia a depender das alianças costuradas até a oficialização da candidatura, no ano que vem.

Racha na direita

  • Os rachas internos no clã Bolsonaro tornaram-se mais visíveis após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre pena de 27 anos e 3 meses por liderar trama golpista em uma cela da Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, desde 25 de novembro.
  • A tensão entre os Bolsonaros ficou pública após o último fim de semana, quando a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro criticou a aproximação do diretório do Partido Liberal no Ceará com Ciro Gomes (PSDB), durante um evento partidário em Fortaleza (CE).
  • A fala da ex-primeira-dama contradiz diretamente o anúncio feito pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE), presidente da sigla no estado. A declaração inflamou os dirigentes locais e expôs tensões internas no partido, já que o próprio Jair havia dado aval ao apoio do PL à candidatura de Ciro ao governo do Ceará.
  • A repercussão, porém, foi ainda mais ruidosa entre os filhos de Bolsonaro. Flávio repreendeu a madrasta e, em seguida, Carlos, Eduardo e Jair Renan fizeram o mesmo.
  • A oficialização da escolha de Flávio também expôs a rachadura na disputa interna da direita, entre o bolsonarismo e a ala mais moderada.
  • Nas redes sociais, perfis ligados ao núcleo mais fiel ao ex-presidente celebraram a indicação.
  • Entre os defensores de Tarcísio, porém, o clima é de frustração. Houve quem chamou a decisão de autossabotagem.

“Missão” em 2026

Em mensagem publicada nas redes sociais, Flávio disse receber a “missão” com “grande responsabilidade” e classificou o pai como “a maior liderança política e moral do Brasil”.

“Confirmo a decisão de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, afirmou o senador.

“Eu não vou ficar de braços cruzados enquanto vejo a esperança das famílias sendo apagada e nossa democracia sucumbindo”, escreveu. Ele declarou acreditar que Deus “abre portas, derruba muralhas e guia cada passo dessa jornada”.

A confirmação vinda do senador foi feita depois que o Metrópoles, na coluna Paulo Cappelli, revelou que Jair Bolsonaro havia comunicado a escolha por Flávio a interlocutores e aliados próximos.

Bolsonaro acredita que o filho mais velho ganhará força para a disputa presidencial à medida que assumir postura de pré-candidato e intensificar viagens pelo país. Na visão do ex-presidente, Flávio ajuda a consolidar a coesão interna do partido e dispõe de um palanque expressivo apoiado por Tarcísio e pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

No núcleo familiar, Flávio também é visto como o nome capaz de oferecer maior “previsibilidade” ao meio político e ao setor econômico, por ter um perfil mais moderado do que o dos irmãos — o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PL) e o vereador de Balneário Camboriú (SC) Jair Renan (PL).

A tendência, nesse rearranjo, é que Michelle dispute uma vaga ao Senado pelo Distrito Federal, e um partido de centro indicaria o candidato a vice na chapa de Flávio.

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