Reprodução/TV Senado

O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti, criticou veementemente, nesta sexta-feira (24/10), a conduta do deputado federal José Medeiros (PL-MT). O parlamentar se envolveu em um acalorado bate-boca com a advogada Izabella Borges durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, chamando-a de “advogada de quadrilha” e “porta de cadeia”.

O incidente ocorreu na quinta-feira (23/10) enquanto Izabella Borges representava Thaisa Hoffmann, esposa do ex-procurador do INSS Virgílio Ribeiro de Oliveira, durante oitiva. O deputado bolsonarista teria mandado a advogada “ficar no seu lugar” após ela solicitar uma questão de ordem.

Em publicação nas redes sociais, Simonetti classificou o episódio como uma “impressionante violência” e afirmou que advogados que atuam na defesa de depoentes na CPMI do INSS têm sido alvo recorrente de constrangimentos. Ele garantiu que a OAB está ao lado de Izabella Borges e dos demais colegas, e que, como o diálogo não tem sido eficaz, a entidade “avançará firmemente para garantir nossas prerrogativas”.

A advogada Izabella Borges comentou na postagem de Simonetti, detalhando os ataques sofridos: “Fui mandada calar, sentar e baixar a bola, sob risco de ser presa em flagrante por desacato. Ao longo de toda a sessão, fui chamada de ‘advogada de quadrilha’, ‘advogada de porta de cadeia’, ‘petulante’, tive meus honorários questionados. Este não foi um episódio isolado, mas um retrato de um sistema que não suporta mulheres ocupando espaços de poder com firmeza e trabalho técnico”. Ela também expressou a expectativa de medidas concretas da OAB, além da manifestação nas redes sociais.

A União Nacional das Advogadas Criminalistas e Acadêmicas de Direito (UNAA) também se manifestou, classificando a fala do parlamentar como “inadmissível” e configurando “flagrante falta de ética e de urbanidade”. O presidente da OAB de São Paulo, Leonardo Sica, reforçou a defesa de Izabella Borges, apontando que o episódio configura, além de violência de prerrogativas, abuso de autoridade e quebra de decoro parlamentar, e que a OAB-SP aguarda apuração da conduta, inclusive sobre possível “lawfare de gênero”.

O deputado federal José Medeiros foi procurado pela reportagem para comentar o ocorrido, mas não houve retorno até o momento da publicação.

Com informações de Metrópoles

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