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A ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza se intensificou desde 17 de maio, com o objetivo declarado de eliminar o grupo Hamas, libertar reféns e assumir o controle total do território palestino. Os combates têm resultado em um crescente número de mortos e em um colapso cada vez mais grave da assistência humanitária.

Na quinta-feira (29), ao menos 44 pessoas morreram em ataques israelenses desde a meia-noite, segundo informou Mohammed Al-Moughayir, chefe da Defesa Civil de Gaza. Um dos bombardeios atingiu uma casa na região do campo de refugiados de Al-Bureij, no centro do enclave, deixando 23 mortos e várias pessoas desaparecidas. Outros ataques também foram registrados próximos a centros de distribuição de ajuda no sul do território.

Questionado sobre os episódios, o Exército israelense afirmou estar investigando, mas declarou ter atingido “dezenas de alvos terroristas em toda a Faixa de Gaza” nas últimas 24 horas.

Ajuda humanitária sob pressão

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) relatou que, na noite de quarta-feira (28), multidões desesperadas invadiram um armazém com alimentos pré-posicionados para distribuição. O órgão da ONU tenta confirmar relatos de duas mortes e diversos feridos durante o tumulto.

“O PMA tem alertado sobre o agravamento da situação e os riscos causados pela limitação da ajuda a uma população faminta e em situação extrema”, afirmou o comunicado. Imagens mostram civis carregando sacos de comida, tábuas e outros materiais em meio a disparos ao fundo.

Em outro episódio, uma distribuição de alimentos na terça-feira (27), organizada pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), deixou 47 pessoas feridas, segundo o Escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. A GHF, criada com apoio de Israel e dos EUA, tem enfrentado críticas por sua logística inadequada.

O Exército israelense reconheceu disparos de advertência ao ar por soldados “do lado de fora” do centro da fundação, mas negou qualquer tiro contra civis. A própria GHF também negou disparos direcionados à multidão.

“Estamos arriscando a vida por comida”

A escassez de ajuda e a desorganização nas distribuições têm gerado revolta entre os habitantes de Gaza. Em Rafah, no sul do território, milhares de pessoas se aglomeraram em busca de alimentos.

“Trouxeram 200 caixas para uma multidão de 20 mil. Cheguei às 4h e já estava cheio”, contou o morador Saleh al-Shaer. Outro, Sobhi Arif, expressou indignação: “O que está acontecendo conosco é humilhante. Arriscamos nossas vidas só para conseguir um pouco de comida para os nossos filhos.”

Balanço do conflito

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu anunciou na quarta-feira (28) que Mohammed Sinwar — considerado líder do Hamas em Gaza e irmão de Yahya Sinwar, principal comandante do grupo — foi morto em um ataque aéreo em 13 de maio, em Khan Yunis. A informação foi divulgada inicialmente pela imprensa israelense.

Desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, que resultou na morte de 1.218 pessoas, em sua maioria civis, o governo israelense lançou uma ofensiva em larga escala em Gaza. Segundo autoridades israelenses, 57 reféns seguem em poder do Hamas, incluindo pelo menos 34 já confirmados como mortos.

A resposta militar israelense já deixou mais de 54.249 mortos do lado palestino, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. A maioria das vítimas são civis. Esses números são considerados confiáveis pelas Nações Unidas.

A situação em Gaza segue dramática, com a escalada da violência militar somando-se a uma crise humanitária sem precedentes. A comunidade internacional, incluindo agências da ONU, continua pedindo acesso humanitário irrestrito e proteção para os civis, enquanto a pressão por cessar-fogo e negociações aumenta.

Com informações de Metrópoles

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