A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, esteve presente no desembarque de 88 brasileiros deportados dos Estados Unidos, ocorrido no último sábado, 24, no Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte (MG), informa O Globo. A recepção foi marcada por declarações de indignação e solidariedade, diante dos relatos de agressões físicas e condições precárias enfrentadas pelos deportados durante o voo de repatriação.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, a ministra reforçou a importância de políticas migratórias que respeitem os direitos humanos, destacando que “os países podem ter suas próprias regras de imigração, mas nunca à custa da violação de direitos de qualquer ser humano.” Macaé, que acompanhou o retorno dos brasileiros, também condenou as ações violentas durante o voo, que envolviam tanto adultos quanto crianças, incluindo casos de autismo e deficiências diversas.
O episódio aconteceu durante a parada da aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) no Panamá, onde, segundo os deportados, um dos motores do avião apresentou falhas, causando atraso e desconforto a bordo. Durante o período de espera, os migrantes não tiveram permissão para desembarcar e, para piorar, o ar-condicionado foi desligado. Relatos indicam que as condições de saúde a bordo pioraram ainda mais devido à falta de alimentação, água e até mesmo à dificuldade de acesso aos banheiros.
“Foi uma situação muito grave. A gente tinha numa mesma aeronave famílias, crianças, crianças com autismo, com algum tipo de deficiência, que passaram por situações muito difíceis”, afirmou a ministra Macaé Evaristo. O Estado de Minas também trouxe relatos de que algumas pessoas, incluindo mulheres e crianças, sofreram mal-estar durante o voo, culminando em protestos e discussões com os agentes americanos. O clímax dessa tensão, segundo os deportados, foi a violência física cometida pelos oficiais dos Estados Unidos.
Entre os deportados, um homem que estava há seis anos nos Estados Unidos e foi preso há seis meses, revelou que, em um momento de desespero, ele e outros passageiros decidiram abrir a porta de emergência da aeronave ao pousar em Manaus. “Eles agrediram a gente”, disse o deportado, enquanto mostrava uma marca roxa no pescoço.
O governo brasileiro, por meio da orientação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, interveio na situação e criticou a tentativa dos EUA de manter os brasileiros algemados durante o voo. Após a chegada dos deportados a Manaus, a Polícia Federal determinou que as algemas fossem retiradas.