O presidente do União Brasil, Antônio Rueda, está no centro de uma investigação que pode se expandir após a possível delação de Marcos Moura, empresário conhecido como “rei do lixo” e preso pela Polícia Federal durante a Operação Overclean. Rueda, que acumulou um patrimônio multimilionário em poucos anos, enfrenta questionamentos sobre sua rápida ascensão financeira e política.
Reportagem publicada pelo UOL revelou que, em apenas quatro anos, Rueda adquiriu bens de alto valor, incluindo uma McLaren, dois Porsches, duas Mercedes, uma Land Rover, imóveis em áreas nobres de Brasília, além de um jatinho e um iate Azimut 80. A maior parte dessas aquisições ocorreu após 2021, coincidindo com sua liderança no União Brasil e sua aproximação com figuras influentes da direita, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Fundo partidário e influência política
Rueda administra um dos maiores fundos eleitorais do país. Em 2024, o União Brasil recebeu cerca de R$ 865 milhões, o terceiro maior montante entre os partidos, atrás apenas do PL e do PT. Como presidente, Rueda é responsável por gerir esses recursos, o que lhe garante forte influência no cenário político nacional. Além disso, a Polícia Federal está investigando o possível uso irregular de emendas parlamentares vinculadas ao partido.
Acusações internas e críticas de Luciano Bivar
O empresário e deputado federal Luciano Bivar (União Brasil-PE), ex-presidente do partido e antigo aliado de Rueda, questionou publicamente o enriquecimento do atual líder do União Brasil. Em entrevista ao Brasil 247, Bivar classificou os escândalos envolvendo o partido como um dos maiores esquemas de corrupção já vistos.
“Essa milícia do Rio de Janeiro é trombadinha perto do que políticos da cúpula do partido fazem. Acho que não houve um esquema de corrupção tão grande quanto este do União Brasil”, declarou Bivar, mencionando contratos superfaturados em serviços de recolhimento de lixo. Ele também destacou que estados como Amapá, Bahia e Goiás, redutos de políticos do partido, estão diretamente envolvidos.
Operação Overclean e desdobramentos
A Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal, revelou indícios de superfaturamento em contratos de recolhimento de lixo em municípios dos estados da Bahia, Tocantins, Amapá, Rio de Janeiro e Goiás. O relatório da investigação aponta que Antônio Rueda teria atuado em articulações junto a prefeituras para favorecer empresas controladas pelo empresário Marcos Moura.
Além disso, a PF coletou provas significativas, incluindo quebras de sigilos telefônicos, fiscais e bancários, que apontam para práticas criminosas abrangentes. Segundo Bivar, o esquema revelado até agora é apenas “a ponta do iceberg”.
Próximos passos
Enquanto a Polícia Federal aprofunda as investigações, Bivar afirmou que seus advogados estudam ações judiciais para pedir a destituição de Rueda da presidência do União Brasil. Procurado pelo Brasil 247, Rueda não se manifestou sobre as acusações.
O desenrolar das investigações promete trazer novas revelações sobre a gestão de recursos no União Brasil e os possíveis desdobramentos políticos e criminais relacionados ao esquema.