Um dos primeiros problemas que o novo ministro da Justiça, André Mendonça, terá que enfrentar é a permanência ou não do apontado chefão do PCC, Marcos Herbas Camacho, o Marcola, e outros líderes da facção criminosa, no presídio federal de Brasília. A estadia dele na capital nacional foi motivo de fortes embates entre o ex-ministro Sergio Moro e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), que chegou a comentar que o ex-juiz da Operação Lava-Jato “já ia tarde” e que “não entendia nada de segurança pública”.
Pessoas do entorno do governador dizem que ele deve levar o pleito para o novo ministro em breve. Sem conseguir fazer Moro mudar de ideia, Ibaneis chegou a acionar em fevereiro o Supremo Tribunal Federal (STF) para conseguir a transferência de Marcola e companhia. O ministro Luis Roberto Barroso concluiu que não havia fundamento e negou o pedido. O governador, no entanto, ainda não ainda desistiu da medida. Na semana passava, ele teve encontros com o presidente Jair Bolsonaro para discutir a troca na diretoria da Polícia Federal – o que teria sido um dos fatores determinantes para a saíde de Moro.
Acontece que, no mesmo processo do STF, a Advocacia-Geral da União, na época comandada por André Mendonça, se manifestou favorável à permanência dos líderes do PCC na capital, sob o argumento de que, de todos os presídios federais do país, o de Brasília é o que tem mais estrutura. E ainda citou exemplos de outras capitais, como Londres e Berlim, que também possuem presídios no seu perímetro.
O governo do DF se queixa de que um houve aumento de filiados da facção criminosa na cidade, que sedia os Três Poderes da República e embaixadas estrangeiras. No fim do ano passado, a inteligência da polícia detectou indícios de que havia um plano em marcha para tirar Marcola e os companheiros da cadeia. O Exército chegou a cercar presídio, e o suposto plano não se concretizou.
Da parte da agora ex-gestão do Ministério da Justiça, a decisão de manter os chefes do PCC em Brasília se justificav porque a capital é longe da fronteira com o Paraguai e Bolívia e da faixa litorânea, que seriam locais mais propícios para uma possível fuga. A distância da penitenciária para a sede do Ministério da Justiça é de cerca de 15 quilômetros. (veja.com)