O manejo florestal de impacto reduzido não causa efeito negativo sobre as espécies de médio e grande portes de aves e mamíferos da fauna amazônica, é o que aponta pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Amparada via Programa de Fixação de Recursos Humanos para o Interior do Estado: Mestres e Doutores por Calha de Rio (Profix-RH), Edital n° 009/2021, a pesquisa intitulada “Mudar é preciso? Efeitos do manejo florestal de impacto reduzido no padrão de atividade da fauna amazônica de médio e grande porte” é coordenada pela doutora em Ecologia e Conservação, Talita Vieira Braga, da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), e realizada em Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus).
Diante da grande ameaça que a biodiversidade amazônica vem sofrendo devido às diferentes atividades realizadas pelo homem, o estudo buscou verificar se formas de manejo florestal, como o de Impacto Reduzido, minimizam os impactos negativos causados à biodiversidade.
O projeto
O manejo florestal de impacto reduzido é conhecido por fazer a extração dos recursos madeireiros de uma forma controlada e sustentável, mantendo a floresta de pé. O projeto foi realizado com objetivo de avaliar se a técnica causa algum efeito na fauna de mamíferos e aves de médio e grande porte.
Além de verificar se os animais mantêm os padrões de suas atividades nas áreas que já foram manejadas, ou se eles acabam modificando esse padrão em busca de se adaptarem às mudanças, que são causadas no ambiente pela atividade do manejo.
Monitoramento da fauna
De acordo com a coordenadora do projeto, o monitoramento da fauna foi feito em áreas que foram manejadas em diferentes períodos de tempo, desde um ano até 25 anos atrás.
O estudo obteve o registro de animais de médio e grande portes pertencentes a duas espécies de aves e 26 espécies de mamíferos, entre as quais algumas são classificadas como quase ameaçadas de extinção.
Ao longo de 29 meses, entre os anos de 2021 e 2023, o monitoramento da fauna nas áreas estudadas foi realizado com o uso de armadilhas fotográficas, que são conhecidas como câmeras de disparo automático. Essas câmaras ficam dispostas na floresta prontas para registrar qualquer animal que passar em frente ao equipamento.
A partir disso, foi realizada a identificação das espécies, assim como foi anotado o horário em que a espécie estava ativa, para que depois fosse possível comparar as atividades das diversas espécies entre áreas que foram manejadas em diferentes anos.
Apoio da Fapeam
Para Talita Vieira Braga, o apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fapeam, foi importante para realizar o monitoramento da fauna e para o desenvolvimento da pesquisa.
“O apoio da Fapeam foi crucial para o desenvolvimento do projeto. Através da instituição foi possível que a equipe mantivesse as armadilhas fotográficas em funcionamento ao longo dos 29 meses de monitoramento”, comentou.
Conservação e manutenção
Após avaliar quais espécies estavam presentes em cada uma das áreas manejadas, assim como o padrão de atividade de cada uma das espécies nessas diferentes áreas, foi possível verificar que o manejo florestal avaliado não causa efeito negativo sobre as espécies da fauna de médio e grande porte.
Dessa forma, a pesquisa pôde considerar que o manejo florestal de impacto reduzido é uma atividade econômica que trabalha lado a lado com a conservação e manutenção das espécies avaliadas. Os resultados alcançados pelo projeto foram divulgados em um congresso nacional; e através de material de divulgação científica impresso e digital junto às empresas envolvidas no processo do manejo florestal.
“A divulgação junto às empresas foi de grande importância para que as informações geradas pelo projeto alcançassem aquelas pessoas cujo manejo florestal faz parte do seu dia a dia, como as pessoas que trabalham diretamente no manejo florestal, assim como aquelas que vivem em comunidades que estão localizadas próximas às áreas que já foram manejadas”, explicou a Talita Vieira Braga.
Vivência científica
O projeto foi realizado em parceria com a UEA, campus de Itacoatiara. Essa parceria permitiu a participação e a capacitação de alunos do curso de Engenharia Florestal, que tiveram a oportunidade de vivenciar o desenvolvimento de uma pesquisa científica, aprendendo sobre como funciona o método científico, como é realizado o monitoramento de fauna através do uso de armadilhas fotográficas, a identificação das espécies, e a avaliação dos efeitos do manejo florestal na fauna que vive no local.
Suporte para tomadas de decisões
Para a coordenadora da pesquisa, Talita Vieira Braga, a expectativa é que os resultados possam servir de suporte para a tomada de decisões públicas, sociais e empresariais nos municípios de Itacoatiara, Itapiranga e Silves (a 176, 227 e 204 quilômetros de Manaus, respectivamente), assim como de toda a região amazônica.
“É esperado que os resultados do projeto ajudem a promover ações voltadas para o desenvolvimento sustentável da região, que é o desenvolvimento econômico aliado com a conservação da biodiversidade. E que os resultados do projeto impulsionem o fortalecimento da pesquisa científica que aborda a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico através do manejo florestal de impacto reduzido”, finalizou.
Profix-RH
O Programa tem objetivo de atrair e fixar mestres e doutores para atuarem no interior do estado, por meio do desenvolvimento de projeto de pesquisa, tecnologia ou inovação, visando à promoção do desenvolvimento de ciência, tecnologia e inovação, com vistas ao impacto social e econômico da região.
Portfólio de Pesquisas
Essa e outras pesquisas coordenadas por pesquisadores e empreendedores de base tecnológica que atuam na capital e no interior do Amazonas, com o apoio do Governo do Estado, estão disponíveis no Portfólio de Investimentos e Resultados de Pesquisas do Amazonas – Vol.04, organizado pela Fapeam, sendo um total de 50 estudos já finalizados. Para saber mais, acesse o link a seguir: https://l1nk.dev/fapeam-portfolio-4