Uma pesquisa recente do Datafolha, divulgada pela Folha de S. Paulo, indica que, se o voto fosse facultativo, 34% dos brasileiros não teriam comparecido às urnas nas eleições municipais realizadas no último domingo (6). Atualmente, o voto é obrigatório no Brasil, e os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que a taxa de abstenção foi de 21,7%.

Entre os eleitores entrevistados, 65% afirmaram que, mesmo com voto facultativo, ainda compareceriam às urnas. Dentre os que se abstiveram no domingo, 18% justificaram sua ausência pelo fato de estarem em outra cidade, enquanto 14% citaram desinteresse nas eleições. Outros 14% estavam distantes dos locais de votação, e 13% disseram que estavam viajando.

No que se refere ao momento da decisão de voto entre aqueles que participaram da eleição, 14% declararam que decidiram em quem votar no próprio dia da eleição, 5% na véspera, 8% uma semana antes, 11% quinze dias antes, e 59% já tinham sua escolha definida pelo menos um mês antes.

A pesquisa também revelou que a intenção de abstenção seria mais elevada entre certos grupos demográficos, caso o voto fosse facultativo. Os dados mostram que a abstenção seria maior entre eleitores pretos (42%), pessoas com escolaridade média (40%), moradores das regiões Centro-Oeste e Norte (40%), cidadãos de menor renda (39%) e entre jovens adultos de 25 a 34 anos (39%).

Por outro lado, os eleitores que afirmam que ainda votariam são, em sua maioria, de classes sociais mais altas, com 82% dos que recebem mais de dez salários mínimos e 75% dos que ganham entre cinco e dez salários mínimos. Aqueles com curso superior também se destacam (78%), assim como os moradores da região Sul (76%), eleitores de Jair Bolsonaro (71%), eleitores brancos (71%) e idosos (70%).

A pesquisa Datafolha foi realizada nos dias 7 e 8 de outubro em 113 municípios brasileiros, abrangendo 2.029 eleitores com mais de 16 anos. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Esses dados lançam luz sobre o perfil de eleitores que poderiam potencialmente se abster se o voto não fosse obrigatório, evidenciando uma divisão significativa entre grupos sociais, econômicos e etários.

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