O número de assinaturas em petição pedindo que o mandato de Damares Alves (Republicanos) seja cassado, antes mesmo de sua posse como senadora, ultrapassou o número de votos recebidos pela ex-ministra do governo Jair Bolsonaro (PL).
Criada em 11 de outubro na plataforma Change, o abaixo-assinado — que é público e não se restringe àpopulação do DF, onde Damares se elegeu — conta com mais de 815 mil assinaturas, superando os 714 mil votos obtidos pela ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos.
A ação é motivada por falas de Damares durante culto realizado em Goiânia, no início de outubro. Na ocasião, a senadora afirmou, sem apresentar provas, que crianças na Ilha de Marajó (PA) estariam sendo vítimas de tráfico infantil e de crimes sexuais. E que o governo teria documentos que comprovavam os crimes.
“Fomos para a Ilha de Marajó e, lá, nós descobrimos que as nossas crianças estavam sendo traficadas por lá […]. Nós temos imagens de crianças nossas, brasileiras, de 4 anos, 3 anos, que quando cruzam as fronteiras, sequestradas, os seus dentinhos são arrancados para elas não morderem na hora do sexo oral. Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa, para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal”, disse a senadora em culto na Assembleia de Deus.
Prevaricação
Segundo os organizadores da petição, a senadora pode ter cometido crime de prevaricação e omissão caso as denúncias não sejam verdadeiras, já que nada chegou às autoridades.
“Ela mentiu ou prevaricou como ministra de Direitos Humanos, ambos fatos gravíssimos para uma funcionária pública e merecem cassação imediata por ação popular antes da posse”, argumenta o texto do abaixo-assinado. Apesar de Damares ter admitido que “ouviu nas ruas” as denúncias feitas por ela, o Ministério Público Federal (MPF) investiga o caso.