Documentos apreendidos pela Polícia Federal (PF) revelaram supostos repasses ilícitos, intermediados por um operador alvo da Operação Overclean, que somam R$ 170 milhões em contratos com o município de São Paulo e os estados do Maranhão, Pará e Piauí.

De acordo com informações do Metrópoles, as investigações identificaram planilhas encontradas em um avião que transportava R$ 1,5 milhão em espécie, valor apontado pela PF como propina. Segundo os investigadores, o material conecta os contratos milionários ao ex-prefeito de Santa Cruz da Vitória (BA), Carlos André Coelho, preso no dia 23 de dezembro e liberado no dia seguinte por decisão do Tribunal Regional da 1ª Região.

A segunda fase da Operação Overclean mira desvios em contratos entre empresas privadas e órgãos públicos como o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), além de governos estaduais e prefeituras. Conforme a PF, Carlos André desempenharia “um papel importante dentro do grupo criminoso”, atuando como operador de contratos em diversos estados e interferindo em decisões administrativas que beneficiariam os empresários Alex e Fábio Parente, líderes do esquema, e José Marcos de Moura, conhecido como “Rei do Lixo” na Bahia.

De acordo com os investigadores, a prisão de Alex Parente e Lucas Lobão, ex-coordenador do Dnocs na Bahia, em uma aeronave em Brasília, no início de dezembro, revelou documentos detalhando repasses vinculados a contratos nos estados investigados. Uma planilha específica atribui a sigla “CA” ao controle de ajustes financeiros que somam R$ 170 milhões, o que sugere o envolvimento de Carlos André.

Além disso, mensagens obtidas pela PF mostram Carlos André solicitando depósitos em contas de terceiros, supostamente realizados pela empresa BRA Teles Ltda., apontada como uma fachada usada para pagamentos de propinas. Conversas interceptadas indicam que ele buscava ocultar rastros, mencionando “encomendas” e “robalos” como códigos para entregas de valores.

Em nota, a defesa de Carlos André Coelho refutou as acusações e afirmou que a sigla “CA” não se refere ao ex-prefeito, classificando-a como uma “presunção da Polícia Federal”. O advogado João Daniel Jacobina declarou que Carlos André “nunca atuou nos estados citados, nem mesmo esteve em alguns deles”.

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