
A Polícia Federal prendeu, nesta sexta-feira (28/11), o médico Humberto Fuertes Estrada, de origem boliviana, apontado como o principal investigado pela morte de um recém-nascido no Hospital Regional de Eirunepé, no interior do Amazonas. A prisão preventiva foi decretada pela Justiça da Comarca local após indícios de que o profissional teria tentado fugir do estado.
O mandado foi expedido pelo juiz Odilio Pereira Costa Neto, atendendo ao pedido dos delegados Yezuz Pupo e Alcir Rodrigues, que conduzem o inquérito. O médico é investigado por omissão no atendimento e homicídio qualificado, em razão do atraso no acionamento e das condições em que realizou o parto de uma gestante de 17 anos na madrugada do dia 22.
Segundo as autoridades, Humberto deixou o município no domingo (23), apenas um dia depois de o caso ganhar ampla repercussão nas redes sociais. Em seu status do WhatsApp, ele compartilhou imagens que sugeriam que estivesse em Feijó, no Acre. A Polícia Civil informou que possui o recibo de passagem aérea, reforçando a suspeita de fuga — o que motivou o pedido de prisão preventiva. A Prefeitura de Eirunepé já havia afastado o médico das funções enquanto as investigações avançavam.
Dinâmica da prisão
O médico foi localizado inicialmente em um supermercado de Manaus, enquanto utilizava um caixa eletrônico. Após monitoramento discreto, os agentes da Polícia Federal acompanharam seu deslocamento e efetuaram a prisão no imóvel onde ele estava hospedado. Ele foi conduzido à Superintendência Regional da PF no Amazonas, onde permanece à disposição da Justiça.
Vídeo e nova linha de investigação
Um vídeo entregue à Polícia Civil também passou a integrar as provas do caso. As imagens mostram Humberto Fuentes em um bar da cidade — a Churrascaria Sabor na Brasa — na noite de sexta-feira (21). Ele chega ao local às 23h44 e sai às 1h48 da madrugada. A gestante deu entrada no hospital por volta das 4h, mas, segundo o registro policial, o médico não atendeu às ligações da equipe de plantão e só compareceu ao hospital perto das 9h, mais de cinco horas após ser acionado.
O parto ocorreu ao longo da manhã, mas o recém-nascido não resistiu. Testemunhas relataram que o bebê teria aspirado fezes e restos de placenta, morrendo cerca de uma hora depois do nascimento.
Justiça decreta prisão preventiva de médico investigado por morte de bebê em Eirunepé
Um vídeo entregue à Polícia Civil mostra Humberto Fuentes em um bar do município — na noite de sexta-feira (21), horas antes do atendimento da gestante de 17 anos. pic.twitter.com/8B42CI6hFS
— Fato Amazônico (@fatoamazonico) November 27, 2025
A Polícia Civil trata o caso como homicídio qualificado por omissão, e novas diligências serão realizadas para esclarecer responsabilidades e a conduta do profissional durante o plantão.
Família agradece ação das polícias e diz que prisão traz “um pouco de paz”
Após a captura, a família da recém-nascida demonstrou profunda gratidão pelo trabalho da Polícia Civil e da Polícia Federal. Segundo os parentes, esta é a primeira vez que um caso dessa gravidade, no município, tem um desfecho tão rápido, trazendo sensação de justiça em meio à dor.
“Saber que o médico que poderia ter salvado a vida da minha filha está preso já conforta um pouco o coração. É uma dor que nunca vai cicatrizar”, declarou o pai, Renato Fauzzy, emocionado.
Os familiares fizeram questão de agradecer nominalmente aos delegados Yezuz Pupo, Alcir Rodrigues, ao escrivão Lucas, e aos investigadores Ugo e Márcio, que conduziram a investigação desde o início. Conforme relataram, a equipe trabalhou de forma contínua, reunindo provas e localizando o suspeito antes de acionar a Polícia Federal para executar a prisão.
A família também agradeceu, em nota pública, o apoio dos vereadores Antilde, Ray e Rara, que estiveram com os parentes no sábado seguinte ao caso, oferecendo suporte emocional. Para eles, a união entre autoridades demonstra que Eirunepé pode avançar quando há comprometimento e atuação conjunta.










