Waldemir Barreto/Agência Senado

A Polícia Federal (PF) enviou representação ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar as conexões entre o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Oliveira Lima, empresário conhecido como “Fernandin OIG” que administra empresas de apostas on-line. O parlamentar chegou a participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado Federal que investigou a atuação do dono das bets. As informações foram publicadas pela revista Piauí.

Em novembro do ano passado, o Metrópoles revelou que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mapeou movimentações suspeitas de mais de R$ 100 milhões envolvendo bets. A One Internet Group (OIG), que pertence a Fernando Oliveira Lima, era um dos alvos. Com isso, os senadores da CPI das Bets solicitaram um Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) para analisar as transações bancárias de “Fernandin OIG”.

De acordo com a Piauí, foram justamente esses RIFs acessados pela CPI que mostram uma transferência de R$ 625 mil do empresário das bets para um ex-assessor de Ciro Nogueira, entre dezembro de 2023 e setembro de 2024. No mesmo período, o antigo funcionário do parlamentar repassou R$ 35 mil à conta pessoal do senador.

Ciro Nogueira afirmou que o valor recebido diretamente por ele era o reembolso de uma reserva de hotel em Capri, na Itália. Sobre os R$ 625 mil, o político diz ser que foi o pagamento por um relógio, negociado diretamente entre “Fernandin OIG” e seu ex-assessor.

Na CPI, “Fernandin OIG” foi convidado a depor por indícios de que ele fosse o responsável pelo Jogo do Tigrinho no Brasil. Apesar de ser dono de uma empresa que controla bets, ele nega ser representante da empresa que criou o jogo.

Durante a comissão, ficou evidente uma relação de Fernando com o parlamentar, sendo que o empresário já deu carona, durante uma viagem no seu jatinho com destino a Mônaco, para Ciro Nogueira. O fato, inclusive, fez com que a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI das Bets, solicitasse a retirada do senador dos membros da comissão no final de maio deste ano.

No mês passado, o relatório final apresentado por Thronicke acabou rejeitado pelos integrantes da CPI das Bets. O documento previa o indiciamento de 17 pessoas. O texto apontava supostas práticas dos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa por parte de Fernando Oliveira Lima.

A comissão terminou sem conclusão. No entanto, os documentos e descobertas foram enviados às autoridades. Os RIFs serviram como base para o pedido da PF para investigar Ciro Nogueira e “Fernandin OIG”.

A solicitação chegou até o gabinete da ministra Cármen Lúcia no fim de maio, pouco antes do encerramento da CPI. Até o momento, o Supremo não teria decidido se autoriza a investigação.

Procurados pela revista Piauí, Ciro Nogueira e Fernando Oliveira Lima não comentaram o pedido de investigação por parte da Polícia Federal.

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