
São Paulo — O soldado Leo Felipe Aquino da Silva (imagem em destaque), preso sob a suspeita de estuprar uma jovem de 20 anos quando deu carona para ela junto com o parceiro de serviço, o cabo James Santana Gomes, não passou no teste psicológico da Polícia Militar em sua primeira tentativa de ingressar na corporação, em 2019.
Atrás das grades desde segunda-feira (3/3), ambos os policiais estão lotados no 24º Batalhão de Diadema, cidade da região metropolitana de São Paulo onde ofereceram carona para a suposta vítima, domingo (2), para levá-la de volta para casa, na capital paulista. A jovem havia saído de um bloco carnavalesco e, de acordo com denúncia, foi abusada sexualmente e abandonada — descalça, sem celular e machucada — na Rodovia Anchieta.
Relembre o caso
- Dois policiais militares foram presos em flagrante nessa segunda-feira (3/3) depois de serem apontados por uma jovem como autores de um suposto estupro, em uma viatura da corporação, no domingo (2).
- A vítima alega ter sido abusada após embarcar no carro policial em Diadema, na Grande São Paulo.
- Durante o trajeto, como relevado pelo Metrópoles, os policiais teriam abusado sexualmente da vítima e a abandonado — descalça, sem celular e machucada — na Rodovia Anchieta.
- A defesa dos dois negou as acusações e afirmou, em nota, que eles irão dar as versões do caso no decorrer do processo.
- A jovem fez um vídeo, logo após o abuso sexual, ainda dentro da viatura.
“Instabilidade”
Um laudo assinado pelas psicólogas Amanda Pazero e Maronildes Ribeiro, em agosto de 2019, afirmava que o soldado Leo Felipe Aquino da Silva apresentava inadequação ao relacionamento interpessoal.
“Seus testes sinalizam instabilidade, com momentos de reserva, distância e introversão […] indica pouca necessidade dos outros nas atividades, frieza, indiferença, propensão para intrigas, falsidade, astúcia, ausência de retidão, inconstância e labilidade [mudança rápida de humor].”
As características apontadas contraindicaram Leo Felipe ao cargo de soldado, “pois poderão comprometer a capacidade para perceber e reagir adequadamente às necessidades, sentimentos e comportamentos dos outros […] podendo também prejudicar o bom desempenho da função policial militar”.
O relatório ainda destacou flutuações e instabilidade no desempenho das tarefas, que aliadas às outras características, sugeriam que Leo Felipe teria dificuldade para “assumir responsabilidades por suas ações”.
O então candidato foi considerado inapto à função, como publicado no Diário Oficial, em 3 de dezembro de 2019.
Ação judicial
Leo Felipe entrou com uma ação judicial, questionando o resultado do teste. O pedido, porém, foi indeferido no início do ano passado.
No entanto, entre a primeira reprovação e o andamento do processo que moveu contra o estado, ele tentou mais uma vez ingressar na corporação e conseguiu. Durante as etapas do concurso, passou no teste psicológico realizado e foi convocado em fevereiro de 2020.
“A avaliação psicológica negativa, todavia, não representa uma porta que se fecha em definitivo, tanto assim que não é incomum que um candidato desclassificado na avaliação psicológica venha a obter parecer favorável em momento posterior”, diz trecho de documento do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) sobre o teste no qual Leo Felipe Foi reprovado. Com informações de Metrópoles.