A Polícia Federal (PF) identificou, nesta quarta-feira (30), um adolescente de 13 anos como responsável pela inserção equivocada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Partido Liberal (PL), partido ao qual pertence o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação foi confirmada após uma série de diligências em Fátima do Sul, Mato Grosso do Sul, como parte da operação “Infiliatio”.
A investigação apontou que o adolescente realizou a inserção de dados falsos no Sistema de Filiação Partidária (FILIA) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fazendo com que o nome de Lula aparecesse vinculado ao PL em julho de 2023. Segundo a PF, não houve invasão ou hackeamento do sistema da Justiça Eleitoral, mas sim uma manipulação de dados que levou à filiação indevida.
A falsa filiação foi originada por um pedido feito por um terceiro, e o ato foi enquadrado pela PF como uma prática criminosa, envolvendo os delitos de invasão de dispositivo informático, falsidade ideológica e falsa identidade, uma vez que Lula não realizou qualquer pedido de filiação ao PL.
Além do adolescente, a PF investiga o possível envolvimento de um funcionário do partido, cuja responsabilidade seria aprovar o pedido de filiação no sistema. A Polícia Federal busca esclarecer se houve omissão ou participação ativa desse funcionário no caso, que gerou repercussão e levantou questionamentos sobre a segurança do processo de filiação partidária no Brasil.
A operação “Infiliatio” destaca a necessidade de cuidados adicionais com o uso dos sistemas de filiação partidária e o compromisso das autoridades em apurar irregularidades que possam comprometer a integridade política e o respeito às escolhas partidárias.
TSE identificou e fez a queixa-crime
A apuração teve início após o TSE, ao identificar a inserção indevida do nome do presidente entre os filiados do PL, formalizar uma notícia-crime. Segundo a corporação, não houve invasão ao sistema FILIA do TSE. A fraude ocorreu por meio do preenchimento intencional de dados falsos em um formulário digital específico no site do PL. As informações incluíam dados pessoais e políticos de Lula, além de uma selfie, documentos e informações de contato, o que permitiu que o pedido fosse encaminhado e aprovado após uma moderação feita por um funcionário do partido, cuja conduta agora também está sob investigação.
A PF informou que os envolvidos na fraude poderão responder por crimes como invasão de dispositivo informático, falsidade ideológica e falsa identidade, conforme o andamento das investigações. A apuração busca também entender a motivação por trás da filiação fraudulenta e identificar outros possíveis envolvidos, além de verificar se este caso isolado representa uma falha de segurança ou a existência de outras filiações fraudulentas no sistema.