A Polícia Civil de Goiás investiga o sequestro de um empresário alemão e sua mulher em Anápolis (GO), cujo resgate foi pago em bitcoins pela própria vítima, ainda em cativeiro. Segundo relato, ele teria transferido um valor equivalente a quase R$ 50 milhões em criptomoedas.

O caso ocorreu em setembro de 2020, e foi revelado nesse domingo (25/12) pelo Fantástico. O casal foi rendido em casa pelos criminosos e precisou transferir 555 criptomoedas que possuía. Segundo a polícia, os bandidos tinham conhecimento dos ativos financeiros do casal.

Imagens das câmeras de segurança capturaram o momento em que dois bandidos armados rendem a esposa do empresário quando ela chegou em casa com as compras de supermercado. Um terceiro assaltante entra com um veículo na garagem e ajuda os outros dois criminosos, que levaram o casal e um computador deles para um terreno baldio.

Assim que chegaram ao matagal, os sequestradores fizeram o pedido de resgate para própria vítima. Ele precisou transferir o montante de criptomoedas a uma outra conta. Quem tem moedas virtuais guarda no computador pessoal ou no celular, e só o dono tem a chave de acesso a elas.

“Ele me disse: ‘Se fizer algo errado e se não digitar os códigos corretos, vou matá-lo na hora’”, relembra a vítima. O empresário tinha 555 bitcoins e, segundo a polícia, os responsáveis pelo sequestro tinham conhecimento desses ativos financeiros.

“Os criminosos detinham conhecimento tanto do quanto que a vítima possuía, quanto da qualidade desses ativos. Se tratavam de pessoas que já tinham havido um relacionamento com essa vítima”, contou o delegado Jorge Bezerra.

Quatro horas depois, com a transferência concluída, as vítimas foram abandonadas no local.

Rastreamento

A polícia fez o rastreamento dos códigos que circulam no ambiente virtual e o montante financeiro, segundo a investigação, foi transferido para outros dois endereços. A partir deles, os bitcoins foram distribuídos por vários outros.

Entre os responsáveis pelos endereços em que os valores chegaram está o trader Edgar Acioli, que atua comprando e vendendo ativos financeiros nos mercados capitais. Ele chegou a movimentar parte dos bitcoins para o alemão este ano.

Este mês, apolícia cumpriu mandados de busca e apreensão na casa dos suspeitos em Sáo Paulo e em Goiás. Na capital paulista estão Acioli, um empresário ligado a ele e outras pessoas que receberam dinheiro virtual. Em Goiás, os responsáveis pela logística do sequestro e por armazenar o computador para garantir a transferência dos bitcoins.

Durante a operação, policiais apreenderam joias, carros e mais de R$ 1 milhão e bloquearam imóveis que, segundo a polícia, foram comprados com dinheiro da vítima. Porém, ninguém foi detido. Como já se passaram dois anos do sequestro, a Justiça entendeu que os suspeitos não teriam como atrapalhar as investigações.

Edgar Acioli está preso por participar de um assassinato de um advogado, em 2019. Em nota, a defesa diz que Acioli desconhece os fatos, que vai se manifestar depois da conclusão do inquérito e que sequer ele foi ouvido pela polícia. Com informações de Metrópoles.

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