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A Prefeitura de São Paulo vai reconstruir o Teatro Vento Forte, no Parque do Povo, na zona oeste da capital paulista. A própria gestão municipal demoliu o equipamento cultural no mês passado, sob alegação que a área vinha sendo utilizada de forma irregular. No local, também ficava a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul.

Procurada, a gestão paulistana informou que a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) está elaborando o projeto de um centro cultural e esportivo para o terreno do Parque Municipal do Povo. O plano será submetido à avaliação dos conselhos competentes, conforme determina a legislação: Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

“A pasta mantém um diálogo com representantes do Grupo Teatro Vento Forte para alinhamento de um espaço provisório para retomada das atividades dos artistas, que estavam paralisados desde 2019”, afirmou a gestão Nunes em nota.

Decisão de reconstruir

A iniciativa de reerguer o equipamento cultural é uma promessa feita por Totó Parente, secretário municipal de Cultura, e por Rodrigo Ashiuchi, secretário do Verde e do Meio Ambiente, em uma reunião na última segunda (24/3), articulada pela vereadora Marina Bragante (Rede).

Também participaram do encontro representantes do teatro e da cultura, informou a equipe de comunicação da parlamentar.

Segundo Bragante, o setor cultural considerou a demolição do espaço desrespeitosa e pouco transparente. “As imagens de uma retroescavadeira destruindo o teatro repercutiram imediatamente na mídia e nas redes sociais, causando indignação e pedidos de reparação imediata”, disse em nota.

O próprio Teatro Vento Forte compartilhou imagens da demolição nas redes sociais.

Conforme a vereadora, os integrantes do Grupo Vento Forte participarão tanto do conselho quanto da reconstrução do teatro.

Demolição de estrutura tombada

O espaço, construído em 1974, foi tombado pelo Condephaat, em 1995. Em nota ao Metrópoles, o conselho informou que não há registros de pedidos recentes de intervenção no Parque do Povo. A demolição, portanto, teria ocorrido sem autorização. A prefeitura, por outro lado, afirma que o desfazimento ocorreu conforme a legislação vigente.

Segundo a gestão de Ricardo Nunes (MDB), a ocupação do espaço pelo Teatro Vento Forte apresentava atividades incompatíveis com a resolução do órgão de patrimônio estadual.

“A estrutura de alvenaria foi construída, em 2012, sem autorização do Condephaat, após o tombamento do local, ocorrido em 1995, e encontrava-se em condições precárias. À época do tombamento, havia na área apenas uma tenda”, argumentou.

A administração afirma ter notificado os responsáveis por essas atividades, em 31 de julho de 2023, e que não houve apresentação de documentação que comprovasse o direito de uso do imóvel público.

De acordo com a gestão, “não foram constatadas atividades culturais e a construção do imóvel apresentava sinais de abandono, com edifícios em ruínas ou malconservados”.

“Além disso, alguns espaços livres vinham sendo utilizados como estacionamento pago, e havia uma banca precária na entrada que vendia bebidas”, diz a administração.

Destruição de equipamento cultural causou protestos

A Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT) classificou a demolição do local como um “ataque direto à cultura, à memória e à diversidade artística e religiosa do país”, e cobrou investigação imediata e transparente sobre os fatos ocorridos.

“A ação da Prefeitura de São Paulo através da Subprefeitura de Pinheiros foi truculenta, desrespeitosa e ilegal. A falta de transparência e a ausência de documentação adequada demonstram um completo desprezo pelos direitos culturais e religiosos da comunidade. A intolerância religiosa e a destruição de patrimônios culturais são crimes que devem ser investigados e punidos com rigor”, diz a nota da entidade publicada em 14 de fevereiro, um dia após o desfazimento.

Justiça proibiu novas demolições no local

Em 18 de fevereiro, a Justiça de São Paulo vetou a Prefeitura de São Paulo de fazer novas demolições no Parque do Povo. Na decisão, o juiz Evandro Carlos de Oliveira, da 7ª Vara de Fazenda Pública, destacou que o espaço é tombado.

O magistrado destacou que configuram exceções apenas casos de manutenção da “segurança dos usuários do local em caso de risco de desabamento ou outro relevante”.

Com informações de Metrópoles.

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